domingo, 28 de novembro de 2021

SUBLINHADOS SARAMAGUIANOS


Dito já que começaram as iniciativas que visam registar o centenário do nascimento de José Saramago, acrescenta-se que irei pegando num qualquer livro de José Saramago e copiarei dele uma frase, um parágrafo, aquilo que constitui os milhares de sublinhados que, ao longo dos muitos anos de leituras, invadiram os livros de José Saramago que habitam a  Biblioteca da Casa.

Continuamos com o livro de  Juan Arias O Amor é Possível.

A pergunta do jornalista:

«A propósito de portas que abrimos e fechamos, afirmaste também noutra ocasião que ainda mal começaste a abrir portas da tua intimidade. Tens medo de o fazer?»

José Saramago:

«Creio que mesmo que vivêssemos duzentos anos, haveria portas nossas que continuariam fechadas. Porquê? Porque não sabemos abri-las. Freud chegou para abrir umas quantas, mas é certo que não as abriu todas, e até que chegou Freud e outros como ele, essas portas estavam fechadas. De qualquer modo, as pessoas tinham vivido, os escritores tinham escrito coisas magníficas, Shakespeare não tinha precisado de Freud. Provavelmente, as portas que cada um pode abrir talvez não sejam suficientes para poder exprimir de uma forma completa quem és, porque se pudesses abri-las todas, algumas delas seria melhor voltar a fechá-las imediatamente porque o espectáculo podia não ser agradável. Quem sabe se o melhor será nunca chegarmos a dizer quem somos.»

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