Volta e meia o meu avô dizia:
Domingo temos de ir mais cedo para pagar as quotas.
Todos os meses um cobrador ia a casa de cada sócio para receber as quotas do Benfica.
Todos os meses o meu
avô deixava o dinheiro para as quotas.
Simplesmente, a vida da família era muito modesta e os dias
amargos obrigavam a minha mãe a utilizar o dinheiro das
quotas do Glorioso para a compra de 2 decilitros de azeite, meio quilo de batatas, uma cebola, o que que fosse na mercearia.
E esse dinheiro das quotas muito raramente era reposto.
O ir mais cedo implicava ficar numa longa bicha à espera
de vez. Porque nem sempre havia dinheiro quando os diversos cobradores batiam à
porta dos sócios e estes para verem a bola tinham que se dirigir aos guichets
do velho Estádio Da Luz ainda de apenas dois anéis.
Já o meu avô não estava connosco, podendo utilizar o
débito directo para pagamento das quotas, não aderi ao sistema e, durante
largos anos, ia pagá-las ao estádio, lembrando sempre a velha e costumeira
frase do avô: Domingo temos de ir mais cedo para pagar as quotas.
O jornal Record revelava um destes dias
que ainda existem clubes que com as facilidades de uma enorme gama de
pagamentos on line se recusam a prescindir destes quase arcaicos cobradores de
quotas.
Legenda: imagem do Record.
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