segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

NOTÍCIAS DO CIRCO

A esmagadora maioria dos deputados do PSD são gente de sacristias.

Luís Montenegro, que não é deputado, mas bebe e lê nas mesmas sacristias, faz um pequeno intervalo sobre as pauladas diárias no governo de António Costa, para dizer ao povo que vai avançar com um pedido de referendo à Eutanásia.

«É minha convicção que esta matéria continua a ser controversa.»

Na semana em que os projetos dos partidos, após vários e diversos adiamentos, iriam ser votados na Assembleia da República, o presidente do PSD descobriu que os portugueses «ainda não estão suficientemente esclarecidos» sobre a matéria. 

Já há dias, a ex-múmia-presidencial, considerava que a legalização da eutanásia «não respeita o espírito da Constituição» e defendia que a sua prática é «mais um sinal da deterioração da qualidade da nossa democracia».

Ainda Cavaco Silva:

«Num país como Portugal, com um dos piores riscos de pobreza e exclusão social da União Europeia e sem uma rede de cuidados paliativos a que os doentes de famílias mais desfavorecidas possam ter acesso, num Portugal em que se acentua o empobrecimento em relação aos outros países, a prioridade dos deputados é a legalização da prática da eutanásia, autorizar um médico a matar outra pessoa».

Como temos vindo a citar psd’s, termine-se com José Pacheco Pereira de um teor diverso dos seus pares:

«Admito que muitos médicos e enfermeiras tenham objecção de consciência que os impeçam de participar numa morte assistida e isso deve ser respeitado. Mas é uma das muitas hipocrisias em que vivemos, ignorar que muitas eutanásias consentidas se passam nos nossos hospitais pelas melhores razões: a recusa do sofrimento gratuito em quem o não quer ter e deseja ter este último acto de vontade e liberdade.

 Ninguém vive para si mesmo. Ninguém morre para si próprio”, dizia um cartaz numa manifestação contra a eutanásia em 2018. Com a primeira frase estaria de acordo, mesmo percebendo que o seu significado religioso não é o meu, mas aceito, não por Deus, mas pelos “outros”. Mas a segunda frase só pode ter sentido para quem é crente, e eu não sou. Ela obriga-me a ser, e por isso afecta a minha liberdade.

 Eu votaria a lei da eutanásia, mesmo mal formulada e imperfeita, porque, tanto quanto possível, quero ser dono da minha morte.»

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