Amália Nas Suas Palavras
Amália Rodrigues e
Manuel da Fonseca
Transcrição e Notas:
Pedro Castanheira
Prefácio: Rui Vieira
Nery
Edições Nelson de
Matos/Porto Editora, Lisboa Setembro de 2020
Manuel da Fonseca – Você nunca ouviu o charruar do campo? A cantiga dos
bois? Nunca ouviu? Ah!
Amália – Não. Já ouvi os alentejanos a cantar em coro, à noite, numa
taberna.
Manuel da Fonseca – Por exemplo, nos trabalhos agrícolas, a cantar aos
bois. Os bois parecem que andam parados, Os bois seguem o ritmo da cantiga.
Amália – Nunca ouvi. O Alentejo é isso. O Alentejo fala-me dessas
coisas, mesmo sem eu as ter visto. É que eu sinto, no Alentejo, todo o
ambiente. Só de ver o Alentejo, senti todo o ambiente. Parece que… Às vezes há
homens que falam, na sua música e nos seus versos, de um país, como no caso de
Dorival Caymmi. Nas cantigas que canta, eu vejo o Brasil.
Manuel da Fonseca – Pois.
Amália – Há terras… É engraçado: o Brasil é o contrário. Fala muito
mais o Dorival Caymmi do Brasil do que o Brasil me fala.
1 comentário:
Gostei muito deste livro pois, como se pode ler na contracapa, permite -nos acompanhar a vida de Amália, nas suas próprias palavras, desde a pobreza em que nasceu e cresceu até ao auge da sua carreira artística. São o resultado de longas horas de conversa entre um excelente escritor (Manuel da Fonseca) e o ícone do fado. São 395 páginas que vale a pena ler.
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