As Chegas de Bois
Antologia
Âncora Editora,
Lisboa, Outubro de 2005
Se os deuses assim fossem poderosos
Rompiam o nevoeiro com os seus cornos
E os apóstolos de armas em punho assistiriam
Às batalhas de todos os tempo.
Se todas as gentes das aldeias tivessem
Em vez de arados e enxadas a raiva plena
Aos medos no Outono e no Inverno anjos
De lama guardariam as feiras e as chegas.
Os bois em suas torres de sinos de ouro
Seriam as aves últimas de Barrosos
Por aqui bestas e homens aguilhoam
O instante supremo para que um tombe.
Encontram-se nas sombras remexem-se
Rompem as queixas mostram-se os dentes
Os de cada povo gritam pelos campos
Abrem-se no rosto os próprios aguilhões.
Se os deuses quisessem fazer espantos
Asas teriam os bois coiro resplandecente
E decerto connosco estariam aqueles
Que negam o próprio coração e as vozes.
José Viale Moutinho
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