Todos os anos, de há muitos para cá, muitos mesmo, tem a ideia de escrever uma carta ao venerando sacripanta de barbas e casacão vermelho, com posto de correio em Rovaniemi, lá para o Circulo Polar Árctico, plena Lapónia onde, dizem, os dias são azuis, que lhe coloque, no cantinho esquerdo da chaminé, uma garrafa de verdadeira água tónica para que ele possa beber o perfeito “gin-tonic”.
Não pede a lua,
apenas uma garrafinha dessa tónica.
Ele explica o que é isso da verdadeira água tónica: é a que tem quinino. A que
se vende por aí tem hidrocloreto de quinino. Faz um certa diferença...
Foi o José Duarte que lhe disse que a tónica com quinino, empresta ao “gin” um
sabor único, um sabor de paraíso. De fazer inveja aos deuses, acrescentou.
É com isso que ele se contentava neste Natal. Sabe que não vive em Sirius, mas
ficava feliz. E o Khaled, o dono do mini-mercado-de-conveniência, aqui da rua,
já lhe garantiu que arranjará limões com casca amarela.
No fundo vive de coisas simples, pequenas alegrias, pequenas esperanças. Sorri,
quando lhe desejam Feliz Natal, mas sabe, também, que quando se estende uma
mão, raras vezes se encontra outra.
Sem comentários:
Enviar um comentário