Cartas do Meu Moínho
Alphonse Daudet
Tradução: Hernâni Barbosa
Colrcção Lusitânia nº 64
Livraria Chardron, Porto s/d
É de lá que vos escrevo, com a porta escancarada ao bom sol.
Um lindo pinheiral,
todo banhado de fulgor, desdobra-se diante de mim até ao sopé da encosta. Na
linha do horizonte recortam-se as cristas finas dos Alpilles…
Nem o mais leve
rumor… Apenas, de longe em longe, o som dum pífaro, o piar de um maçarico real
por entre as alfazemas, um guizalhar de mulas que passam na estrada… Toda essa
bela paisagem provençal só vive pela luz.
E como quereis agora
que eu tenha saudades da vossa Paris, ruidosa e negra? Estou tão bem no meu moinho!
É na verdade aquele cantinho que eu procurava – um cantinho perfumado e quente
, a mil léguas dos jornais, das velhas séges, do nevoeiro… E quantas belas
coisas à minha volta!
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