«Abro o computador pela manhã – como acho que já informei o estimável leitor, vivo num concelho tão, mas tão deprimido, que quem quiser comprar um jornal ou uma revista (livros, igual, naturalmente) terá de percorrer por sua conta e risco cerca de 40 quilómetros seja qual for o ponto cardeal da sua preferência – e deparo-me logo com três notícias reconfortantes.
Uma delas, e nem a propósito, informava que a linha de apoio psicológico do SNS
24 recebe, por mês, cerca de 6500 telefonemas de pessoas a pedir ajuda.
Acrescentava ainda lá pelo meio que, segundo a Ordem dos Psicólogos, Portugal
contabiliza uma média de três suicídios diários (e contra isto não há
imigração, bem ou mal paga, que nos valha).
Outra, esta de carácter internacional, dava-nos conhecimento de que só entre os
passados domingo e segunda-feira tinham sido resgatados, junto à costa
italiana, 1300 migrantes, trânsfugas do continente africano.
Por fim, uma lapalissada ainda assim não menos inquietante: a de que a guerra
na Ucrânia pode representar uma grande oportunidade para as empresas que se
dedicam à tecnologia armamentista, como se não nos bastasse o exemplo das
depressões de Oppenheimer (não vi o filme: aqui no concelho, para ir a uma sala
de cinema teríamos de nos deslocar mais de 70 quilómetros para sudeste, não
fosse o caso de não haver transportes).»
Ana Cristina
Leonardo, de uma crónica no Público
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