sábado, 20 de julho de 2013

NOTÍCIAS DO CIRCO


É VOZ CORRENTE que a situação económica e financeira do país é muito mais grave do que aquela que nos têm dito que é.

Só assim se compreende a ópera bufa que está em exibição desde que o todo o poderoso ministro Vitor Gaspar pediu a demissão do governo, argumentando que todas as suas previsões tinham falhado, todas as medidas que tomara conduziram o país a uma catástrofe, que o governo não tem rei nem roque.

De imediato, Paulo Portas saltou do barco.

Irrevogavelmente.

Mas não o deixaram sair.

Voltou atrás no que dissera e arrasta-se pelo governo à espera de um qualquer lugar, que lhe dê mais poder, mais exposição mediática.

Cavaco Silva, depois de dois anos a olhar para o boneco, entendeu que era altura de interferir.

Solicitou ao PSD, ao CDS, ao PS que trocassem umas ideias sobre o estado da nação, e lhe apresentassem um acordo de salvação nacional.

Porque se diz um político experiente, que não cede  a pressões, venham elas de onde vierem, teceu um cenário, completamente irrealista e, como entrava pelos dentro, condenado ao malogro.

Durante uma semana os três partidos andaram a fingir que suavam as estopinhas em busca do tal acordo de salvação.

Ontem, o PS bateu com a porta.

Nunca devia ter aceitado o presente envenenado do Presidente, mas isso já é um problema dele e do partido
.
Na opinião do Economist a decisão do presidente foi inapta.

Durante o dia de hoje assistimos ao triste espectáculo do passa culpas, quem traiu quem, de quem inviabilizou o quê.

O governo volta a dizer que está coeso, com amplo apoio parlamentar e insiste em a prosseguir a mesma política, com os desastrosos resultados que se conhecem e que sofremos na pele.

Amanhã, à hora da janta, Cavaco fará o ponto do descalabro.

Deprimente.

Os portugueses manifestam o seu profundo desprezo por esta gentalha.

Uma tristeza sem fim.

PEDRO TADEU no Diário de Notícias:

O que é um acordo de salvação nacional? O que significa salvar o País? O que se quer salvar? Quem se quer salvar?
Os políticos do PSD, PS e CDS que negoceiam umas frases para um papel onde ficará timbrado o percurso para essa dita salvação nacional são os dirigentes dos partidos responsáveis pelo percurso político de Portugal nos últimos 30 anos. São estes os partidos que levaram o Estado, oito vezes secular, à ruína, à perda de independência económica e ao abandono de uma parte da sua soberania política.
Estes são partidos onde medrou gente que na política, nas empresas e no mundo financeiro utilizou abusivamente dinheiros europeus, banalizou faturas falsas, cultivou fugas aos impostos, a "contabilidade criativa", promoveu a construção desenfreada, os atentados ecológicos e urbanísticos, a dependência excessiva do crédito e mais e mais e mais...
Os negociadores do PSD, PS e CDS são dirigentes de partidos que precisam de ser salvos, perdidos na imoralidade carreirista, na servidão aos interesses externos, na dependência eleitoralista, na ambição pequenina, na mediocridade dos seus quadros, no caciquismo dos seus autarcas.

DANIEL OLIVEIRA no Arrastão:

O BPN foi, como se sabe, oferecido ao banco de Mira Amaral. Sim, 40 milhões de euros por um banco é uma oferta. E foi oferecido sem as dívidas, sem tudo o que nele era tóxico e problemático. Isso, Passos Coelho, homem do rigor e dos sacrifícios, deixou para os contribuintes. Para conseguir este extraordinário montante, o Estado deu todas as garantias: o contrato assinado com o BIC prevê que o banco se responsabilize por resolver as ações judiciais instauradas contra o BPN por clientes e trabalhadores, mas, claro está, mediante reembolso do Estado. A primeira factura chegou:100 milhões de euros. No fim o Estado pode vir a pagar ao BIC cerca de 600 milhões de euros. 15 vezes mais do que recebeu pela privatização.

O NÚMERO DE PORTUGUESES que viviam em privação material em 2012 aumentou face ao ano anterior, ultrapassando os dois milhões, revela o Inquérito às Condições de Vida e Rendimento das Famílias. Segundo o Instituto Nacional de Estatística, são mais de 2,5 milhões os portugueses em risco de pobreza ou exclusão social.

O nível de desemprego vai ser pior do que diz o Governo, avisa, novamente, uma instituição internacional. Desta feita é a OCDE que aponta para uma taxa de 18,6% da população ativa em 2014.

OS ONZE PRINCIPAIS banqueiros portugueses ganharam cada um, em média, 1,6 milhão de euros em 2011, totalizando 17,6 milhões entre salários e bónus. Os dados foram divulgados pela Autoridade Bancária Europeia e demonstram que estes banqueiros ganharam 5,2 milhões de euros em remuneração fixa e 12,4 milhões em remuneração variável como bónus e prémios.

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