É VOZ CORRENTE que a situação económica e financeira do país é
muito mais grave do que aquela que nos têm dito que é.
Só assim se compreende a
ópera bufa que está em exibição desde que o todo o poderoso ministro Vitor
Gaspar pediu a demissão do governo, argumentando que todas as suas previsões tinham
falhado, todas as medidas que tomara conduziram o país a uma catástrofe, que o
governo não tem rei nem roque.
De imediato, Paulo Portas
saltou do barco.
Irrevogavelmente.
Mas não o deixaram sair.
Voltou atrás no que
dissera e arrasta-se pelo governo à espera de um qualquer lugar, que lhe dê
mais poder, mais exposição mediática.
Cavaco Silva, depois de
dois anos a olhar para o boneco, entendeu que era altura de interferir.
Solicitou ao PSD, ao CDS,
ao PS que trocassem umas ideias sobre o estado da nação, e lhe apresentassem um
acordo de salvação nacional.
Porque se diz um político
experiente, que não cede a pressões,
venham elas de onde vierem, teceu um cenário, completamente irrealista e, como
entrava pelos dentro, condenado ao malogro.
Durante uma semana os três
partidos andaram a fingir que suavam as estopinhas em busca do tal acordo de
salvação.
Ontem, o PS bateu com a
porta.
Nunca devia ter aceitado o
presente envenenado do Presidente, mas isso já é um problema dele e do partido
.
Na opinião do Economist a decisão do presidente
foi inapta.
Durante o dia de hoje
assistimos ao triste espectáculo do passa culpas, quem traiu quem, de quem
inviabilizou o quê.
O governo volta a dizer
que está coeso, com amplo apoio parlamentar e insiste em a prosseguir a mesma
política, com os desastrosos resultados que se conhecem e que sofremos na pele.
Amanhã, à hora da janta, Cavaco
fará o ponto do descalabro.
Deprimente.
Os portugueses manifestam o
seu profundo desprezo por esta gentalha.
Uma tristeza sem fim.
PEDRO TADEU no Diário
de Notícias:
O que é um acordo de salvação nacional?
O que significa salvar o País? O que se quer salvar? Quem se quer salvar?
Os políticos do PSD, PS e CDS que
negoceiam umas frases para um papel onde ficará timbrado o percurso para essa
dita salvação nacional são os dirigentes dos partidos responsáveis pelo
percurso político de Portugal nos últimos 30 anos. São estes os partidos que
levaram o Estado, oito vezes secular, à ruína, à perda de independência
económica e ao abandono de uma parte da sua soberania política.
Estes são partidos onde medrou gente que
na política, nas empresas e no mundo financeiro utilizou abusivamente dinheiros
europeus, banalizou faturas falsas, cultivou fugas aos impostos, a
"contabilidade criativa", promoveu a construção desenfreada, os
atentados ecológicos e urbanísticos, a dependência excessiva do crédito e mais
e mais e mais...
Os negociadores do PSD, PS e CDS são
dirigentes de partidos que precisam de ser salvos, perdidos na imoralidade
carreirista, na servidão aos interesses externos, na dependência eleitoralista,
na ambição pequenina, na mediocridade dos seus quadros, no caciquismo dos seus
autarcas.
DANIEL OLIVEIRA no Arrastão:
O
BPN foi, como se sabe, oferecido ao banco de Mira Amaral. Sim, 40 milhões
de euros por um banco é uma oferta. E foi oferecido sem as dívidas, sem tudo o
que nele era tóxico e problemático. Isso, Passos Coelho, homem do rigor e dos
sacrifícios, deixou para os contribuintes. Para conseguir este extraordinário
montante, o Estado deu todas as garantias: o contrato assinado com o BIC
prevê que o banco se responsabilize por resolver as ações judiciais instauradas
contra o BPN por clientes e trabalhadores, mas, claro está, mediante reembolso
do Estado. A primeira factura chegou:100 milhões de euros. No fim o Estado pode
vir a pagar ao BIC cerca de 600 milhões de euros. 15 vezes mais do que recebeu
pela privatização.
O NÚMERO DE PORTUGUESES que viviam em privação material em 2012 aumentou
face ao ano anterior, ultrapassando os dois milhões, revela o Inquérito às
Condições de Vida e Rendimento das Famílias. Segundo o Instituto Nacional de
Estatística, são mais de 2,5 milhões os portugueses em risco de pobreza ou
exclusão social.
O nível de desemprego vai
ser pior do que diz o Governo, avisa, novamente, uma instituição internacional.
Desta feita é a OCDE que aponta para uma taxa de 18,6% da população ativa em
2014.
OS ONZE PRINCIPAIS banqueiros portugueses ganharam cada um, em média,
1,6 milhão de euros em 2011, totalizando 17,6 milhões entre salários e bónus. Os dados foram divulgados
pela Autoridade Bancária Europeia e demonstram que estes banqueiros ganharam
5,2 milhões de euros em remuneração fixa e 12,4 milhões em remuneração variável
como bónus e prémios.
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