terça-feira, 9 de julho de 2013

PARA ENTRETER CAMELOS...


O jornal I tem vindo a habituar-nos a boas primeiras páginas.

A de hoje, é clarinha como água.

Acresce que domingo, nos Jerónimos, o novo Cardeal Patriarca já abençoou Cavaco, o Pedro, o Paulo, e o novo governo.

Ouviram-se palmas, houve beija.mão.

Entretanto, o venerando Cavaco, para mostrar que ainda está vivo, vai recebendo em Belém, partidos políticos, centrais sindicais, associações patronais, senadores…

Não sei se vem a propósito mas, como está muito calor, fica aqui um criptogâmico do Eduardo Valente da Fonseca

As noites de velada. O morto, no primeiro andar, mais bem vestido que um noivo... Todos invejavam os fatos dos mortos porque eram novos e muito bem passados a ferro. No rés-do-chão a famí­lia, os amigos, os profissionais da morte, bebendo café com aguardente e falando em surdina. Uma grande vontade de rir sacudia por vezes as pessoas, e todos começavam a soluçar baixinho. Nem um grito. Respeito absoluto. Só na hora de sair o enterro é que os ais reprimidos começavam a enchar­car a cidade. Todos gritavam o mais que podiam. Já ninguém tinha medo de acordar o morto. Agora tinham a certeza que o caixão estava irremediàvelmente fechado.

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