segunda-feira, 22 de julho de 2013

O MEDO COMO GESTO DO QUOTIDIANO


Em Julho de 1977, Miguel Torga, queixava-se, amargamente, da qualidade da classe política. E mesmo assim, naquele tempo, ainda podíamos encontrar meia dúzia de personalidades a quem poderíamos chamar políticos, políticos responsáveis.

Essas personalidades não deixaram escola.

A escola dos políticos de hoje, foram as juventudes partidárias.

Entraram por ali dentro, quando ainda deviam andar a brincar com carrinhos, não souberam o que eram necessidades, a vida, como Jerónimo disse ao Pedro e meteram meia dúzia de lérias na cabeça, que repetem infindàvelmente, tornaram-se cínicos, imorais, aprenderam os passos para, oportunamente, se tornarem corruptos.

O país para esta gente, apenas existe em tempos de eleições, quando enchem o peito de ares e dizem que vão fazer isto e aquilo.

Não fazem nada. Apenas irão tratar das suas vidinhas.

O espectáculo que esses políticos deram nos últimos vinte dias, tornou-se patético.

Visto de longe, onde as coisas também não são muito diferentes, Portugal é um país ingovernável.

Ontem, Cavaco Silva disse o que poderia ter dito há dez dias.

Ter-nos-ia poupado à cegada que o país, amorfo, desesperado, assistiu pelas televisões.

O filho do sr. Teodoro da bomba de gasolina, regressa à sua eterna irrelevância.

Ainda vai a tempo de umas férias na mansão de Boliqueime.

O país lamenta que, tal como o Vitor, Aníbal não possa pedir a demissão.

Voltando a Miguel Torga:


Já perdemos quase tudo.

Mas temos medo de quê?

Legenda: fotografia de Gérard Castello-Lopes

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