Em Julho de 1977, Miguel Torga, queixava-se,
amargamente, da qualidade da classe política. E mesmo assim, naquele tempo, ainda podíamos
encontrar meia dúzia de personalidades a quem poderíamos chamar políticos, políticos
responsáveis.
Essas personalidades não deixaram escola.
A escola dos políticos de hoje, foram as juventudes
partidárias.
Entraram por ali dentro, quando ainda deviam andar a
brincar com carrinhos, não souberam o que eram necessidades, a vida, como
Jerónimo disse ao Pedro e meteram meia dúzia de lérias na cabeça, que repetem
infindàvelmente, tornaram-se cínicos, imorais, aprenderam os passos para, oportunamente, se tornarem corruptos.
O país para esta gente, apenas existe em tempos de
eleições, quando enchem o peito de ares e dizem que vão fazer isto e aquilo.
Não fazem nada. Apenas irão tratar das suas
vidinhas.
O espectáculo que esses políticos deram nos últimos
vinte dias, tornou-se patético.
Visto de longe, onde as coisas também não são muito
diferentes, Portugal é um país ingovernável.
Ontem, Cavaco Silva disse o que poderia ter dito há
dez dias.
Ter-nos-ia poupado à cegada que o país, amorfo,
desesperado, assistiu pelas televisões.
O filho do sr. Teodoro da bomba de gasolina,
regressa à sua eterna irrelevância.
Ainda vai a tempo de umas férias na mansão de
Boliqueime.
O país lamenta que, tal como o Vitor, Aníbal não
possa pedir a demissão.
Voltando a Miguel Torga:
Já perdemos quase tudo.
Mas temos medo de quê?
Legenda: fotografia de Gérard Castello-Lopes
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