Partir para a noite
sem saudade nem esperança
olhando apenas aquilo
que já não temos
nunca tivemos
aquilo que só possuímos
dentro da memória de um sonho
Partir para o espaço solitário
como uma sombra da distância
sem receio
sem sequer a angústia
de saber que não há regresso
Partir como quem fuma um cigarro
o último
talvez como a nuvem
que se desfaz lentamente
queimada por um sol
implacável feroz inconsciente
Partir sem um sorriso
nem uma tristeza perdida
Partir
(15/12/61
Mário-Henrique Leiria
em Depoimentos Escritos
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