sábado, 27 de outubro de 2018

A FRASE DE SEMPRE: «E AGORA, BRASIL?»




São negros os tempos que se avizinham.

As sondagens indicam que o fascista Jair Bolsonaro ganhará a segunda volta das presidenciais.

Entre tantas lamentáveis frases, já disse:

«O erro da ditadura foi torturar e não matar.»

«Mulher deve ganhar salário menor porque engravida.»

«Opositores devem sair do País ou serão presos.»

«Vamos varrer do mapa esses bandidos vermelhos do Brasil»

«Seria incapaz de amar um filho homossexual. Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí.»

«Não te estupro porque você não merece», para a deputada federal Maria do Rosário.

Isto foi dito em campanha eleitoral, poder-se-á pensar o que irá dizer, e fazer, se vier a ser eleito.

Há uma leve, apenas leve, esperança que o povo brasileiro consiga inverter o que as sondagens mostram.

Uma luta a travar até ao último segundo.

Que não haja nenhum brasileiro que pense como a «democrata» e «cristã» Assunção Cristas: «Entre Haddad ou Bolsonero escolhia não votar.»

É certo que a esquerda brasileira cometeu muitos erros.

No meio de toda a tristeza com que escrevo estas linhas, lembro-me daquele poema de Sophia Mello Breyner Andresen, que é uma lição de política e que se pode estender a qualquer país:

«Os ricos nunca perdem a jogada
nunca fazem um erro.
Espiam
e esperam os erros dos outros,
são hábeis e sábios
têm uma larga experiência do poder
e quando não podem usar a própria força
usam a fraqueza dos outros
e ganham.»

Tempo ainda para lembrar Carlos Drummond de Andrade:

«Provisoriamente não cantaremos o amor,
que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos.
Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços,
não cantaremos o ódio porque esse não existe,
existe apenas o medo, nosso pai e nosso companheiro,
o medo grande dos sertões, dos mares, dos desertos,
o medo dos soldados, o medo das mães, o medo das igrejas,
cantaremos o medo dos ditadores, o medo dos democratas,
cantaremos o medo da morte e o medo de depois da morte,
depois morreremos de medo
e sobre nossos túmulos nascerão flores amarelas e medrosas

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