Entramos hoje em mais
uma entrevista de Luiz Pacheco que, como as restantes, se encontram
antologiadas em O Crocodilo Que Voa.
O enfoque recai na
entrevista feita por João Paulo Cotrim e publicada na revista Ler, Verão de 1995.
Na esmagadora da
maioria das entrevistas feitas ao Pacheco, lá aparecia a perguntinha de como é
que ele se inscrevera no Partido Comunista Português.
As respostas do
Pacheco têm variantes mas a base é apenas uma: o funeral do José Carlos Ary dos
Santos.
«Pois é, mas eu também só entrei para o partido quando me apareceu uma
hérnia. Nessa altura, mandei um recado ao José Casanova: «Psst! Quero entrar
para o partido como extrema-unção.» Isto não obriga a nada, nem aqui há uma
esperança revolucionária. É porque é giro, um gajo morre e vai lá com a
bandeira no caixão. É que eu tinha visto o enterro do Ary dos Santos a subir a
Morais Soares, com eles aos gritos – Ary, amigo, o partido está contigo! – e
pendei: «Isto é o que me convém, porra! Pagam-me o enterro, pagam-me o caixão e
levo a bandeira que me deixa aconchegado. Sabe, é que eu sou um gajo muito
friorento.»
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