quarta-feira, 31 de outubro de 2018

EM BUSCA DE SUCEDÂNEOS


No dia 19 de Janeiro de 1948, Cesare Pavese, coloca no seu Diário:

 «Comprei uma nova caneta de tinta permanente.»

A 10 de Fevereiro, constipado e com febre, começa outra vez a fumar. Engasga-se com o fumo. E escreve:

 «Encontrarei um sucedâmeo»

Estamos a umas 50 páginas do fim do livro, desse dia 18 de Agosto de 1950 em que decide:

«Não escreverei mais.»

Suicida-se a 26 de Agosto.

Francisco Duarte Mangas escreveu um poema dedicado a Cesare Pavese: 

«Virá a Morte e Terá os Teus Olhos:

«Tu não sabes as colinas
onde se derramou o sangue.
Todos nós fugimos
todos nós largámos
a arma e o nome. Uma mulher
olhava para nós quando fugíamos.
De nós só um
parou de punho cerrado,
olhou para o céu vazio,
inclinou a cabeça e morreu
contra o muro, em silêncio.
Agora é um trapo de sangue
e um nome. Uma mulher
espera-nos nas colinas.»

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