António Ramos Rosa
era de uma humildade comovedora. Na véspera de Natal do ano de 1962, sabendo
que Jorge de Sena iria partir para Luanda, escreve-lhe uma carta a devolver uns
livros que Sena lhe emprestara:
Prezado Camarada:
Só hoje lhe pude enviar pelo correio, registado, a última remessa de
livros que teve a gentileza de me emprestar. Peço-lhe desculpa de não os ter
remetido mais cedo e não os ter entregue, como tinha combinado antes da sua
partida para Inglaterra, em fim de Outubro.
Receio também que esta carta assim como a encomenda, caso seja
verdadeira a informação que me deram que V. partiria para Luanda precisamente
dia 25, não chegue a horas de recebê-la.
Por tudo isto receio que V. esteja justamente melindrado comigo. Não
acrescento razões de desculpa, porque sei que V. dispensá-las-á. Apenas lhe
peço para que acredite na involuntariedade da minha culpa.
Não tendo mais um minuto para lhe escrever, pois são horas do correio,
envio-lhe os meus votos de felicidade e peço-lhe que creia na estima e
camaradagem do
António Ramos Rosa
Legenda: António
Ramos Rosa
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