25 de Fevereiro de
1970
Eis como a Direcção Geral de Segurança, novo avatar da PIDE, explica,
com o confucionismo habitual, a prisão do Zenha! Vale a pena arquivar esta
parte da nota para sorrirmos no futuro do que tanto agora nos indigna (além do
mais dista-se da primeira prisão com alarde do tempo do Marcelo).
«Simultaneamente com a distribuição dos panfletos pretende a Associação
Académica da Faculdade de Direito de Lisboa efectuar, na quarta-feira 18, um
colóquio subordinado ao tema “Política Colonial”, também com o anunciado
propósito de apoio ao terrorismo, colóquio que foi proibido pela autoridade
competente.
Como figura principal deste colóquio destacava-se o advogado Francisco Salgado Zenha, que, apesar da proibição na Faculdade de Direito, se dirigiu
para a cantina da Cidade Universitária para o realizar, em desobediência às
ordens da PSP e resolvendo, depois, adiá-lo para quinta, 19, às 17 horas.
Perante a atitude tomada por aquele advogado foi o mesmo detido para
apuramento das suas responsabilidades quanto à acusação de desobediência à
autoridade e de participação em acção colectiva destinada a excitar a opinião
pública no sentido de promover a separação das parcelas do território português
da Mãe-Pátria.»
Tudo isto, misturado, no resto da nota, com grupos marxistas-leninistas
para complicar.
Legenda: Francisco Salgado Zenha
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