segunda-feira, 12 de novembro de 2018

BILOXI


“Down around Biloxi
Pretty girls are swimmin’ in the sea
Oh they all look like sisters in the ocean
The boy will feel his pail with salted water
And the storms will blow from off towards New Orleans”
(Jesse Winchester -Biloxi)


Jesse Winchester é um “singer-songwriter” dos anos 70 que, tal como tantos outros (Paul Siebel, Steve Goodman, Steve Young, …) é mais conhecido pelas versões que outros fizeram das suas músicas do que propriamente pelos seus originais.

Winchester nasceu no Louisiana e passou a adolescência entre o Mississippi e o Tennessee,   tendo fugido para o Canadá em 1967 por se recusar a combater no Vietname. E foi no Canadá, com a ajuda de alguns dos membros  dos The Band, que lançou os seus primeiros álbuns.

Foram dois grandes amigos meus  “muito lá de casa” quem me apresentou a Jesse Winchester. Tom Rush, que incluiu “Biloxi” no seu álbum “Long End of the Rainbow”, de 1970, e Ian Mathews que, com os Mathews’s Southern Confort, foi buscar “The Brand New Tennessee Waltz” para o álbum “Later That Same Year”, também de 1970.


 “Biloxi” faz parte do primeiro álbum de Jesse Winchester e deixa transparecer  a nostalgia dos tempos de menino em que ele brincava na areia da praia de Biloxi,  como se, lá longe no frio do Canadá,  o autor se interrogasse a si próprio, melancolicamente,  se alguma vez teria a possibilidade de a voltar a ver.
Sempre gostei muito dessa música, sobretudo na versão do Tom Rush, talvez, quem sabe,  por ser também  muito nostálgico das praias onde passei a minha infância.


Deixei New Orleans debaixo de chuva torrencial e meti-me a caminho de Biloxi pela 90, para seguir o mais possível junto ao mar. Quando lá cheguei tinha acabado de chover há pouco e havia no ar aquele cheiro agradável a praia depois da chuva, tornando muito apetecível um pequeno passeio pelo areal. Mas tinha prometido à minha Mulher uma tarde inteirinha de praia em Golf Shores, no Alabama, onde o tempo parecia estar bem melhor, e ainda tinha umas boas duas de estrada pela frente…


Antes de partir olhei para trás uma última vez.  Tal como na canção, os sinais da tempestade ainda se faziam sentir lá para as bandas de New Orleans.  Não havia raparigas bonitas na praia, mas garanto-vos que as vi entrar no mar…  


Texto e fotografias de Luís Miguel Mira.

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