«Dizemos aos
confusos, Conhece-te a ti mesmo, como se conhecer-se a si mesmo não fosse a
quinta e mais difícil operação das aritméticas humanas, dizemos aos abúlicos,
Querer é poder, como se as realidades bestiais do mundo não se divertissem a
inverter todos os dias a posição relativa dos verbos, dizemos aos indecisos,
Começar pelo princípio, como se esse princípio fosse a ponta sempre visível de
um fio mal enrolado que bastasse puxar e ir puxando até chegarmos à outra
ponta, a do fim, e como se, entre a primeira e a segunda, tivéssemos tido nas
mãos uma linha lisa e contínua em que não havia sido preciso desfazer nós nem
desenredar emanharados, coisa impossível de acontecer na vida dos novelos, e,
se uma outra frase de efeito é permitida, nos novelos da vida.»
José Saramago em O Caderno
Disseram-lhe que tinha um trabalho a fazer: palavras
para um blogue.
Respondeu que contassem com ele.
Na contracapa lê-se: «o blog vai
iluminando o caminho do seu autor, é essa
a sua virtude.»
Os textos escritos, e que fazem parte deste
1º volume, vão de Setembro de 2008 a Março de 2009.
Legenda: capa
de O Caderno publicado pela Porto Editora. A caligrafia da capa é
da autoria de João de Melo.
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