sábado, 3 de novembro de 2018

O RESTO É O MEU TRABALHINHO


Abrimos as páginas de mais uma entrevista de Luiz Pacheco. A de hoje foi publicada no JL em Setembro de 1997, feita pelo Rodrigues da Silva e o Ricardo de Araújo Pereira com o título A Velhice do Guerrilheiro da Escrita:

Foi preciso chegares a um lar de terceira idade para finalmente, estares bem da vida?

E como nunca estive.

Quanto é que pagas por isto?

Pago 185 contos, que dá mais de 200 por causa dos remédios que são à parte.

Donde é que vem essa massa?

120 contos do Ministério da Cultura – é do Fundo de Fomento Cultural. Já me aumentaram aqui (tinha só 90). Mas a minha reforma de funcionário público (foram só 14 anos) – são 31.700$00 E tenho ainda mais oito contos da SPA. Isto tudo dá 160 contos.

Falta algum. Donde é que vem?

O resto é o meu trabalhinho. Quando vim para aqui tinha 500/600 contos. Sabes que o Mário Soares deu-me 650 contos, não sei se do bolso dele, se donde. Nem me interessa, para mim até pode ser lavagem de dinheiro. Bom: com 500/600 contos dava para três meses aqui. E vim. E há ainda os 55 contos por crónica para o Público.

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