Quando já se tem muita experiência do mundo, começamos a interrogar-nos
se a experiência de todo esse tempo nos serviu realmente para alguma coisa e se
aprendemos algo que possa ser útil para os nossos filhos, discípulos, amigos.
Como não tenho filhos nem discípulos, concentro-me nos amigos. Reúno-os
mentalmente num quarto às escuras, como se estivéssemos numa sessão de
espiritismo. Cria-se uma certa expectativa face ao que agora lhes possa dizer.
Esgoto todas as possibilidades de não ter de falar, porque na realidade, ter
de transmitir o que quer que seja para a posteridade é um problema, um
grandessíssimo problema e uma chatice. Mas finalmente obrigam-me e digo:
- Os que melhor falaram da morte morreram.
Enrique Vila-Matas em Diário Volúvel
Sem comentários:
Enviar um comentário