Aquando do lançamento das Leituras com a Correspondência
entre António Ramos Rosa, referia a comovedora humildade de António Ramos Rosa,
um homem tão amável como a sua poesia, e encontro em Eduardo Lourenço a
afirmação que remete para a ética do pudor de António Ramos Rosa.
Na resposta ao envio dos livros feito por Ramos Rosa, Jorge de Sena, em carta datada de 26 de Dezembro,
atalha:
«Simplesmente,
perdoe-me V. que lhe chame a atenção, não chegou tudo. Creio que V. ainda tem
os Mythes et Porttaits do
Groethuysen e alguns números da Critique, o nº 51-52 e o nº 54
(embora eu suponha, mas não esteja certo, de que um destes dois, um só, não lhe
emprestei a si. Pelo menos isto, porque não encontro uma das listas, que é a
segunda. Mas io que for o poderá V. saber tão bem, ou melhor do que eu, como é
o caso.. Não leve a mal o que lhe estou escrevendo, mas há-de concordar comigo
que tenho. Com a demora e o com o silêncio, sobretudo com este último, uma
certa razão de queixa. E razãp tanto maior quanto poucas pessoas terá V.
encontrado que tão liberalmente se disponham a emprestar livros, em qualidade e
em quantidade, às outras pessoa que lhes mereçam consideração e estima, Não
será assim? E precisamente porque tenho
a consciência limpa neste ponto é que lhe falo francamente. Espero que – e
tenho o direito de esperar – qualquer que possa ser momentaneamente a sua
reacção (somos sempre tão híper-sensíveis todos, sobretudo quando sabemos que
não temos inteira razão) não reatará o silêncio anterior.
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