quinta-feira, 3 de dezembro de 2020

...E OS DIAS DIMINUEM

Os livros não são lidos, os filmes não são vistos, os quadros não são olhados.

Alguns nem ouvem o que vão dizendo ao longo dos tempos, ah!, mas quando morrem, explode o palavreado, a genialidade que alguns até nunca tiveram. Se é que isso de génios é algo que tenha de se exaltar.

Ainda tenho para aí o esboço de algo que quis fazer sobre os geniais-disparates que se escreveram e disseram na hora da morte de Agustina Bessa-Luís.

Há dias foi a morte de Ribeiro Telles que tanto falou e escreveu  de como é que as coisas deviam ser feitas para que as cidades, onde vivemos, fossem cidades felizes, e ninguém seguiu, ou tentou seguir sequer, o que ele disse.

Agora na morte de Eduardo Lourenço foi o que se viu e ouviu.

Ele que sempre foi um homem amável, de uma simplicidade de enlouquecer.

Num dia longínquo foi a Matosinhos e, como tantos e outros portugueses, pela primeira viu o mar.

«Da minha aldeia não se via o mar», disse numa entrevista ao Diário de Notícias.

1.

 Algumas mortes também são nossas mortes.

 2.

 O meu medíocre português tem piorado com a pandemia.

Nada me sai com tino, não pego nos livros da maneira como passei toda uma vida a pegar.

 3.

 A Organização Mundial da Saúde alertou para a subida da fadiga pandémica que pode atingir até 60% dos membros de certos grupos, traduzida por uma apatia que faz baixar a guarda e desleixar as estratégias preventivas. 

 4

 Nos primeiros oito meses deste ano, venderam-se mais de 13 milhões de embalagens de ansiolíticos e antidepressivos, o valor mais alto dos últimos três anos.

 5.

Li num jornal atrasado que a Igreja Católica admite suspender a realização da tradicional Missa do Galo, no Natal, devido à pandemia.

«Nós não brincamos com a saúde das pessoas», disseram os eclesiásticos.

 6.

 Um título, também atrasado, do jornal Público dizia: «Precisa-se de quem saiba flaar de Covid-19. Entrada imediata»

 7.

 Dos 2141 presos libertados durante a pandemia, 154 voltaram à cadeia por crime ou violação das regras.

 8.

 Segundo a Associação Nacional dos Restaurantes a crise da pandemia já terá criado 40 mil desempregados no sector da restauração.

 9.

Numa farmácia perto de si, no centro de saúde da zona onde vive, desde Setembro que Ana Gomes  não conseguia vacinar-se contra a gripe. Uma amiga trouxe-lhe a vacina de Paris. A Infarmed disse que isso é proibido. Ana Gomes desconhecia. Eu também. Mas o pior foi quando a candidata a presidente da República refere haver vacinas reservadas para certas empresas e grupos económicos.

Parece-me ter ouvido bem.

10.

Houve um tempo em que me traziam caramelos de Badajoz.

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