terça-feira, 8 de dezembro de 2020

ÚLTIMO POEMA

É Natal, nunca estive tão só.

Nem sequer neva como nos versos

do Pessoa ou nos bosques

da Nova Inglaterra.

Deixo os olhos correr

entre o fulgor dos cravos

e os diospiros ardendo na sombra.

Quem tem assim o verão

dentro de casa

não devia queixar-se de estar só,

não devia.

Eugénio de Andrade

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