segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

O MEU NATAL


A noite de Natal. Em meu País, agora.

O que não vai até romper o dia, a aurora!

As mesas de jantar na cidade e na aldeia,

à luz das velas, ou à luz de uma candeia,

Entre risadas de crianças e cristais

(De que me chegam até mim só ais, só ais!).

Dois milhões de almas e outros tantos corações,

Ponde de parte ódios, torturas, aflições,

Que o mal suaviza e faz adormecer o vinho:

São todas em redor de uma toalha de linho!


António Nobre, excerto do poema O Meu Natal

Legenda: fotografia tirada de Porto, O Livro de Natal de Helder Pacheco

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