Que longa espera, noite fora!
Virá o anjo? Trará recado?
Na solidão que o apavora,
O velho corre o coração de lado a lado.
Recorda um deus: um deus criança,
Sem a ciência entre os doutores.
E sem espada. E sem balança.
Coroado de inocência e flores.
A bela imagem diluída
De uma passada madrugada
Que lhe foi vida,
Antes de a vida não lhe ser nada.
Conformar-se, porquê, com o Natal dos velhos?
Cenário literário dos Natais:
A manta nos joelhos,
Lareira acesa, a mesa com cristais…
A neve, sim, que a tem
No cabelo e também no coração.
— Nascerá hoje alguém
Que o leve, puro e ardente, pela mão?
António Manuel Couto Viana, poema tiradoda antologia Natal…Natais
Sem comentários:
Enviar um comentário