sábado, 5 de dezembro de 2020

PARA DEZEMBRO


mas quantos dedos para dezembro

lha de quando teatro nos mares

que notícias me deixarás ainda

no sapato apodrecido deste natal

 

conheces-me já e saberás quem sou

o nome dessas árvores estranhas

o cantos dos pássaros domesticados

ou das sombras de câmara de lobos

 

numa noite por um saber de portos

a vista das escamas dos cardumes

regressar não é só pelas cinzas

esta ilha pertence ao fim de um ano

 

eis o dizer do rosto de dezembro

aparte os romances eu conheço-te

no inadiável talhar das pedras

mas onde estão as tuas asas ilha

 

em que mistério da rua dos ilhéus

nas linhas leves de isabella de frança

ou na tempestade da rua da carreira

é possível que haja natal este dezembro

 

José Viale Moutinho  poema retirado da antologia Natal… Natais

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