Pousou as mãos no corpo dela e procurou desajeitadamente os botões. Ela afastou-o, impassível; tinha os olhos fechados na penumbra e os lábios tensos. Virou-lhe as costas e, com um movimento rápido, desapertou o vestido, que lhe caiu, amarrotado, aos pés. Os braços e os ombros ficaram nus; ela estremeceu de frio e, numa voz inexpressiva, disse:
– Vai para a sala.
Eu despacho-me num minuto.
Ele tocou-lhe nos
braços e encostou-lhe os lábios ao ombro, mas ela não se virou.
Na sala, William
observou as velas que tremeluziam sobre os restos do jantar, entre os quais se
encontrava a garrafa de champanhe, ainda quase cheia. Serviu-se de uma taça e
provou a bebida; estava quente e adocicada.
Quando voltou para
o quarto, Edith estava na cama com as cobertas puxadas até ao queixo, o rosto
virado para o tecto, os olhos fechados, uma ruga fina na testa.
Silenciosamente, como se ela estivesse a dormir, Stoner despiu-se e enfiou-se
na cama ao lado dela. Durante um tempo, ficou deitado com o seu desejo, que se
tornara uma coisa impessoal, que lhe pertencia exclusivamente. Falou com Edith,
como que para arranjar um porto de abrigo para o que sentia; ela não respondeu.
Pousou a mão no corpo dela e, por baixo do tecido fino da camisa de noite,
sentiu a carne por que tanto ansiara. Moveu a mão; ela não se mexeu e a sua
ruga tornou-se mais funda. Ele falou novamente, dizendo o nome dela no
silêncio. Depois, moveu o corpo para cima do dela, suavemente, apesar da falta
de jeito. Quando lhe tocou na macieza das coxas, Edith virou a cabeça
abruptamente para o lado e levantou o braço para cobrir os olhos, reduzida a
uma mudez total.
John Williams em Stoner
1 comentário:
Este "STONER" foi dos grandes livros que li. Uma pérola!
Vale a pena ler!
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