Quando usamos as palavras dos mortos acontece uma coisa curiosa, é como se nos encontrássemos a meio do caminho, eles um pouco vivos e nós um pouco mortos.
Cristina Ferreira em Bicho Ruim
Cristina Ferreira em Bicho Ruim
Desfaçam uma batata, depois de bem
cozida, num prato de água quente. Não ponham
sal, que faz mal à saúde, nem azeite, que
está caro. Partam a côdea aos pedaços e
deitem-na no prato. Se houver ervas à volta,
nem que sejam urtigas, também servem
para dar sabor. Se não houver, pensem
nelas, e juntem-lhe a memória de uma rodela
de chouriço. Mas não muito, porque até
a memória está pela hora da morte. Depois,
soprem na sopa: não vale a pena comê-la
muito quente, o sabor perde-se no queimado
da língua. Comam as côdeas de pão com
tempo e proveito: é pão que já tem uns
dias, e que deveria ter sido lançado
aos pombos, mas os pombos já foram
comidos por quem se apressou a
apanhá-los. E depois do pão, passem
ao caldo: e comam devagarinho, mesmo
que já esteja frio. E quando acabarem,
consolem-se com um único
pensamento: amanhã pode
não haver mais!
Nuno Júdice em O Fruto da Gramática
O cineasta português
João Canijo, ao receber o Urso de Prata da 3ª edição do Festival de Berlim
exclamou: "Ainda nem acredito bem
nisto!", exclamou ao receber o Urso de Prata da 73.ª edição do
Festival de Berlim.
Trata-se de um dos
mais importantes momentos do cinema português num grande festival, uma honra
inédita que confirma o actual vasto reconhecimento internacional.
Anunciado na gala como um filme que constrói um espaço
que absorve as mentes das personagens, Mal
Viver de João Canijo foi um dos títulos com melhor receção crítica
internacional .
O filme, segundo o Diário de Notícias, anda à volta de uma família de várias mulheres de diferentes gerações que gere um hotel no norte de Portugal. História de vidas roídas por ressentimento e um ódio palpável, cuja chegada inesperada de uma neta vem ainda tornar mais insuportável o clima.
1.
Quase dois terços dos portugueses (61%) garantem que votariam a favor da eutanásia se a despenalização da morte medicamente assistida fosse submetida a referendo. De acordo com os dados da sondagem feita pela Aximage para o DN, JN e TSF, só 41% dos inquiridos acreditam na possibilidade de o Presidente da República aprovar a lei nesta legislatura - 31% estão convictos de que Marcelo Rebelo de Sousa não o fará e 28% "não sabe".
2.
Há detalhes em que a
maioria absoluta do governo do Partido Socialista se revela uma perfeita
anedota, algo que custa a entender como serem possíveis. Há ali ministros que
nem saberiam estar à frente de uma qualquer sociedade popular que ainda
encontramos espalhadas pelo país profundo.
O ministro Cravinho,
aparentemente sem consultar ninguém, convidou Lula da Silva para discursar na
Assembleia da República no âmbito das celebrações do 25 de Abril.
Tanto quanto é
possível saber, nenhum ministro pode tomar uma decisão destas sem consultar a
Assembleia da República.
Está criado o
caldinho perfeito e não precisamos nada, mas mesmo nada, deste tipo de casos e casinhos porque já nos chegam, e
sobram, os problemas que temos por aí.
Completamente
inaceitável e ainda por cima uma decisão vinda de um ministro que, neste e no
anterior governos, se tem pautado por mediocridades e incompetências várias.
3.
Na Turquia, o
presidente da câmara do distrito de Nurdagi - que é do Partido AK, de Erdogan -
foi um dos detidos no âmbito das investigações sobre a queda dos prédios após a
catástrofe que caiu sobre o país que já provocaram a morte de mais de 50.000
pessoas.
Foram presos 184 empreiteiros suspeitos de terem responsabilidade pelo desabamento de
edifícios durante os terramotos que abalaram o país. A investigação tem
revelado as práticas de construção corruptas nesses edifícios.
4.
Pelo menos 59
pessoas, a maioria migrantes do Irão, Paquistão e Afeganistão, morreram na
madrugada deste domingo junto à costa italiana quando a embarcação em que
seguiam se afundou. A Guarda Costeira informa que é provável que o número de
vítimas mortais continue a subir, uma vez que ainda não está esclarecido
quantas pessoas vinham a bordo - eram certamente mais de 100.
O naufrágio aconteceu
em Steccato di Cutro, perto de Crotone, na Calábria depois de o barco de
madeira ter embatido contra as rochas devido ao mau tempo. A embarcação tinha
partido há quatro dias de Esmirna, na Turquia.
E o que faz ele ao
domingo?
Antes de o obrigarem
a poupanças energéticas, o almoço de domingo era sempre um assado no forno.
Agora entretém-se a ler a crónica de Pedro Garcia no Fugas do Público.
A de ontem metia futebol e vinhos de Colares.
Durante muitos anos
passou fins de semana e férias em Almoçageme.
O pai normalmente, ao
lanche, matava, no Café do João, uma garrafinha de Colares branco com uma torrada aparada e mais mais para o final da
garrafa, chegava um sandes de presunto em pão saloio.
O João nem sempre arranjava Colares e o pai ficava-se com um honesto Beira-Mar da velha António Bernardino Chitas.
A Biblioteca da Casa
tem os livros do Eça bem como toda uma série de livros sobre o autor e em que
se destacam Livros e Roteiros sobre os comeres e os beberes que abundam na sua
obra, todos eles da autoria de Dario Castro Alves, um brasileiro que se
encantou com a obra de Eça de Queiroz.
Esses livros são
Roteiro de Os Maias de Eça de Queiroz e de Todas as Comidas e Bebidas no Romance.
Era Tormes e Amanhecia 1º Volume e 2º Volume
«Quando
chegámos aos tintos, para acompanhar um cozido, desiludimo-nos logo com um Dão
pelo qual tínhamos muito afecto e a seguir com o mesmo Colares de 1980, que
estava tão defeituoso como os que tínhamos bebido no Chiado. E foi aí que o meu
amigo lembrou Eça de Queirós, julgando ser este pouco amigo dos vinhos de
Colares e, pelos vistos, com razão. Para o comprovar, leu um excerto de O Mandarim, na voz do personagem Teodoro:
«Ah!,
que dia! Jantei num gabinete do Hotel Central, solitário e egoísta, com a mesa
alastrada de Bordéus, Borgonha, Champagne, Reno, licores de todas as
comunidades religiosas - como para matar uma sede de trinta anos! Mas só me
fartei de Colares. Depois, cambaleando, arrastei-me para o lupanar! Que
noite!».
Eu
e outro amigo comensal, benfiquista tão antiportista que é incapaz de
pronunciar o nome do FC Porto, franzimos o sobrolho. Ambos percebêramos na
descrição um elogio, não uma crítica aos Colares. Num exercício hermenêutico,
lemos e relemos aquela passagem e a verdade é que, com um pouco de favor, a
interpretação pode dar para os dois lados. Certamente que, ao escrever “mas só
me fartei de Colares”, Eça queria dizer que, de entre tantos vinhos bons, só se
tinha saciado com Colares, ao ponto de ficar tão radiante que foi acabar a
noite a um lupanar (bordel). Fartar tinha ali o significado de saciar. Morra
Marta, morra farta! Mas ao terminar a frase sem um ponto de exclamação, recurso
que usara antes e depois daquela frase, também deixava no ar a possibilidade de
só se ter fartado, no sentido de fastio, com os Colares - daí ter ido afogar as
mágoas em colo feminino. Um ponto de exclamação acentuaria o sentido de agrado
e acabaria com as dúvidas.
A
tese do meu amigo sportinguista podia ganhar força nesta passagem de O Primo Basílio: «Ele teve um sorriso infeliz. - Cear! Se
se podia chamar cear ir ao Grémio rilhar um bife córneo e tragar um Colares
peçonhento!». Mas, se não bastassem as muitas garrafas de Colares que Eça de
Queirós bebeu ao longo da vida em borgas com os amigos, há um trechinho n' Os Maias que equivale a uma verdadeira declaração de
amor aos famosos e cada vez mais escassos vinhos de areia. Numa carta
interesseira ao tio Guimarães, o rico e gordo Dâmaso Salcede escreve: “O meu
querido tio sabe como eu gosto de si, que até estava o ano passado com tenção,
se soubesse a sua morada em Paris, de lhe mandar meia pipa de vinho de
Colares”.
Meia pipa é muito vinho. Dava para o homem se fartar. Julgo que o meu querido amigo sportinguista andou durante muito tempo enganado com os Colares de O Mandarim.»
Um começo de escrita que nunca se quer desenhar, a guerra em suma, e ninguém gosta de abordar guerras.
1.
Vladimir Putin voltou acusar que o Ocidente quer destruir a Rússia.
Simplesmente a "operação militar especial", como
lhe chama Moscovo, desencadeou uma guerra de larga escala que mergulhou a
Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a
Segunda Guerra Mundial.
2.
Os 27 aprovaram o décimo pacote de sanções na sequência da invasão da Ucrânia. Além do conjunto de medidas punitivas equivalentes vários milhares de milhões de euros de prejuízo para a economia russa, pela primeira vez vão ser listadas personalidades e empresas de um país terceiro, o Irão.
3.
Marcelo Rebelo de Sousa
afirmou que a guerra na Ucrânia vai durar por muito tempo e acrescenta que
o Governo pode ter de ponderar novas ajudas sociais. Complementares nos
próximos meses.
O Presidente da República considerou que as concentrações são normais em democracia, são "manifestações legítimas", e "haverá outras certamente", mas recusou que esteja em causa a estabilidade.
4.
Ice Merchants, de João Gonzalez, venceu o prémio de melhor-curta metragem nos Annie, em Los Angeles. É a segunda vez que uma curta portuguesa vence os mais importantes prémios norte-americanos do cinema de animação, atribuídos pela Sociedade Internacional de Cinema de Animação. A vitória acontece na antecâmara dos Óscares, agendados para daqui a duas semanas, para os quais um filme de autoria portuguesa está nomeado pela primeira vez.
5
A SIC Notícias está a
avançar que o projeto de parecer da Inspeção-Geral de Finanças aponta
irregularidades no processo que envolveu o pagamento de uma indemnização de 500
mil euros pela TAP à antiga administradora e ex-secretária de Estado do
Tesouro, Alexandra Reis.
«Haverá sempre alguém, em qualquer parte do Mundo, que nunca tendo lido
um livro será alcançado por um bocadinho de poesia que a canção traz. Uma arma
invencível e por isso planetária. Fui tocado várias vezes. Ouvir as coisas do
(Leonard) Cohen, “Songs of love and hate”, por exemplo, e sem perceber exactamente
o que estava em causa ou o que ele queria dizer com aquilo, saber que estava
ali poesia. Que a canção entrava pela poesia e que a poesia entrava pela
canção.»
Por fim: «Nunca me lamentei por estar sozinho.»
As duas canções de
que fala Carlos Tê, são as mesmas que me levaram a comprar os discos do Sérgio
e do Zé Mário, duas canções notáveis, principalmente Romance de um dia na estrada, que cheguei a ter em EP, editado pela
Guilda Música, Prémio de Imprensa de 1971, misteriosamente desaparecido, como
tantos outros, muito antes do LP.
Andava há já vinte dias
Ao frio, ao vento e à fome
Às escondidas da sorte
Um dia fraco, outro forte
Que o dia em que se não come
É um dia a menos para a morte
Um dia fraco, outro forte
Quando um barulho de cama
A voltar-se de impaciente
Me fez parar de repente
Era noite e o casarão
Não tinhas lados nem frente
Dentro havia luz e pão
Me fez parar de repente
Ó da casa, abram-me a porta
Fiz as luzes se apagarem
Cheguei-me mais à janela
Vi acender-se uma vela
Passos de mulher andarem
E uma mulher muito bela
Chegou-se mais à janela
Não tenhas medo, eu não trago
Nem ódio nem espingardas
Trago paz numa viola
Quase que não fui à escola
Mas aprendi nas estradas
O amor que te consola
Trago paz numa viola
Meu marido foi pra longe
Tomar conta das herdades
Ela disse "Companheiro"
Eu disse "Vem", ela "Tu primeiro"
"Tu que me falas de estradas"
"E eu só conheço um carreiro"
Ela disse "Companheiro"
A contas com a nossa noite
Afundados num colchão
Entre arcas e um reposteiro
Descobrimos um vulcão
Era o mês de Fevereiro
E o Inverno se fez Verão
Descobrimos um vulcão
E eu que falava de estradas
E só conhecia atalhos
E ela a mostrar-me caminhos
Entre chaminés e orvalhos
Pela manhã, sem agasalhos
Voltei a rumos sozinhos
E ela a mostrar-me caminhos
Andarei mais vinte dias
ao frio, ao vento e à fome
Às escondidas da sorte
Um dia fraco, outro forte
Que o dia em que se não come
É um dia a menos para a morte
Um dia fraco, outro forte
Um dia fraco, outro forte
Mortos, feridos, estropiados, desaparecidos, desalojados,
refugiados.
De um lado e de outro, milhares e milhares de gente
destroçada.
Deixemos o custo monetário de lado por impossibilidade de
se saber o valor.
Também histórias mal contadas, opiniões que variam com o
vento e do lado donde ele sopra.
Uma tragédia sem fim à vista!
1.
Um ano após a invasão russa à Ucrânia, o custo de vida
disparou e nem os apoios do governo conseguiram evitar o impacto. Um ano mais
tarde, o custo de vida está brutalmente mais alto, com especial reflexo na energia,
alimentação e habitação. Só nos alimentos básicos, o cabaz de compras ficou 43 euros mais caro.
2.
A China avançou com uma proposta de 12 pontos para acabar
com os combates na Ucrânia.
A presidente da Comissão Europeia e o secretário-geral da NATO desvalorizaram esta sexta-feira este plano de paz chinês para a guerra na Ucrânia, considerando que Pequim "não tem credibilidade", pois "tomou partido" e assinou uma "parceria ilimitada" com Moscovo.
3.
A Assembleia da República cumpriu hoje um minuto de silêncio pelas vítimas da guerra da Ucrânia, no dia em que se assinala um ano desde o início da invasão russa, sem a presença do PCP e da deputada única do PAN.
4.
No relatório da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa descrevem-se casos de promiscuidade entre as autoridades militares, civis e eclesiásticas no encobrimento das acções praticadas.
5.
O Expresso avança esta sexta-feira que a Federação Portuguesa de Futebol se recusa a dar informações sobre os "contratos de trabalho celebrados ao longo dos anos com Fernando Santos e com os membros das direções de Fernando Gomes", uma posição que "choca com a assumida pelos juristas da Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos, para quem a FPF está obrigada a especiais deveres de transparência e de publicidade".
6.
A Endesa teve lucros
de 2541 milhões de euros no ano passado, um aumento de 77% em relação a 2021.
7.
As 250 maiores
empresas de retalho do mundo aumentaram as receitas em 8,5%, para 5,2 biliões
de euros no ano fiscal terminado em 30 de junho de 2022.
Por sua vez, a Sonae,
que detém o Continente, está desta vez no 143.º lugar, subindo uma posição face
ao top do ano anterior.
A velha está sentada na sala de espera.
Chegou amparada pela filha, que a depositou ali
enquanto trata dos papéis. A aflição
deve ter sido tão súbita e imperiosa,
que a velha vem descomposta,
não houve tempo para atender a pudores.
Perdeu algures um chinelo.
Está sentada, muito branca, e parece
mascar as dores com as gengivas nuas.
Tem a morte pousada na cara, sob a forma
de uma mosca insistente e de ar atarefado.
Não tem forças para a sacudir.
A mosca aproxima-se da boca, depois parece
interessar-se pelo nariz. Delicia-se
com o muco ao canto do olho, como a criança
que come a ocultas um gelado interdito.
É como se estivesse em casa e percorresse
os aposentos ao sabor dos afazeres.
Cansada do rosto, levanta voo
e vai pousar, desta feita, numa mão.
Mas breve volta atrás, como se se tivesse
esquecido ali de alguma coisa,
e demora-se um pouco a tentar lembrar o quê.
Esfrega uma na outra as patas dianteiras,
celebrando a vitória que logo virá.
A velha já nem se dá conta
desse penúltimo escárnio da morte.
Está visivelmente madura para ela,
pronta a entregar-lhe os destroços do corpo.
Consumada a posse daquele território,
a mosca vai no seu voo fortuito
em busca de mais carne a requerer.
Há dezenas de doentes na sala.
Apalpa-os um por um, como se faz aos figos,
para saber qual deve ser comido
em primeiro lugar.
O mais certo é que acabe - mais dia, menos dia -
por devorá-los todos.
A.M.Pires Cabral
Amanhã cumpre-se um ano sobre a invasão russa à Ucrânia.
Um fracasso social diz
respeito a TODOS.
Quando começou a
guerra na Ucrânia Marcelo Rebelo de Sousa voltou a lembrar as pessoas em
situação de sem-abrigo.
«O país tem tido outros
problemas, mas não esquece nem pode esquecer este desafio, que também é um
desafio nacional. E não é só um desafio quando chega o Inverno, nem só nas
áreas metropolitanas, é um desafio nacional»
O presidente da
República tinha chamado a Belém as duas maiores câmaras municipais do país
para, juntamente com a secretária de Estado da Segurança Social, Cláudia Joaquina, fazer o ponto de situação
sobre a implementação da estratégia nacional para a integração de pessoas
sem-abrigo. O Governo aprovara em Junho a estratégia para o período 2017-2023.
Que foi feito nestes
anos?
Sejamos directos:
pouco ou nada?
Nuno Pacheco no Público
A Assembleia da
República vai assinalar o primeiro ano da guerra na Ucrânia, que teve início a
24 de fevereiro de 2022, com um debate temático e outras iniciativas, que
arrancam esta quinta-feira com a iluminação da fachada do edifício do
Parlamento com as cores da bandeira ucraniana, azul e amarelo.
2.
Artigo de João Pedro Pincha no Público:
«Falar desta guerra como uma luta em defesa da democracia cimentou a unidade
entre Europa e Estados Unidos, mas está longe de convencer na Índia, na China
ou na Turquia.
Se europeus e norte-americanos estão alinhados
no desfecho que consideram ideal — a vitória ucraniana com a reconquista de
todos os territórios ocupados pela Rússia —, os cidadãos da Índia, da Turquia,
da Rússia e da China são maioritariamente favoráveis a que a guerra termine o
quanto antes, mesmo que isso implique cedências territoriais ucranianas.»
3.
O Tribunal Europeu dos Direitos Humanos considerou, numa
decisão publicada nesta quinta-feira, que o Estado português não tem de
indemnizar os clientes do Banco Espírito Santo, que acumularam prejuízos
avultados com a compra de produtos financeiros que a entidade bancária
apresentava como seguros. Para os juízes europeus, os estados não têm
"qualquer obrigação de cobrir as dívidas de entidades privadas".
4.
Empresas de trabalho
temporário alcançam facturação recorde de 1 550 milhões em 2022
5.
Os resultados da última sondagem do Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da
Universidade Católica para o PÚBLICO, RTP e Antena 1 dão aos socialistas 32%
das intenções de voto e 31% aos sociais-democratas. Não é o PSD que melhora, é
sobretudo o PS que piora: se as eleições legislativas se realizassem agora,
haveria um empate técnico entre os dois maiores partidos e a direita
conseguiria, toda junta, a maioria absoluta.
Dos inquiridos mais
de metade (53%) classifica o desempenho do governo de mau ou muito mau, mas 70% defendem que o
melhor para o país é cumprir o mandato até 2026.
O mar é longe, mas somos nós o vento;
e a lembrança que tira, até ser ele,
é doutro e mesmo, é ar da tua boca
onde o silêncio pasce e a noite aceita.
Donde estás, que névoa me perturba
mais que não ver os olhos da manhã
com que tu mesma a vês e te convém?
Cabelos, dedos, sal e a longa pele,
onde se escondem a tua vida os dá;
e é com mãos solenes, fugitivas,
que te recolho viva e me concedo
a hora em que as ondas se confundem
e nada é necessário ao pé do mar.
Pedro Tamen
Quarta-feira de Cinzas
Para os católicos o tempo de sacrifício, meditação, do
jejum de 40 dias e 40 noites de Cristo, conforme lhes consta os textos que
grande parte não leu.
Que grande parte dos padres aproveitem este tempo para
olharem os pecados cometidos. Mas os padres não lêem os livros que não são da
seita. Por isso a vida dos mortais lhes passa completamente ao lado. E dizem
barbaridades sem fim e sem tino. Atente-se nas afirmações que, de há tempos
para cá, temos lido do Bispo do Porto, D. Manuel Linda.
O analfabetismo da esmagadora maioria dos senhores
padres é aflitivo, triste, trágico.
Andaram pelos seminários a fazer o quê?
1.
António Sampaio da Nóvoa: «Segundo a UNESCO, no mundo, metade dos alunos terminam a escola sem terem aprendido praticamente nada».
2.
População de Portugal é a que mais está a envelhecer na União Europeia. A idade média da população em Portugal fixou-se nos 46,8 anos em 2022. a segunda mais elevada entre os 27 Estados-membros da União Europeia (UE), tendo sido a que mais aumentou nos últimos 10 anos, revelam dados do Eurostat.
3.
«Na sequência do
terramoto na Síria, Israel bombardeou Damasco. O Público diz que o ataque matou
pelo menos 5 pessoas, a CNN fala em pelo menos 15 mortos. Sentem o coro dos
indignados?
Lido na Antologia do Esquecimento
4.
Joe Biden em
Varsóvia:
«A Rússia nunca
vencerá na Ucrânia.»
5.
O Presidente da República anunciou esta quarta-feira que
pretende entregar presencialmente o Grande-Colar da Ordem da Liberdade ao seu
homólogo da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e reiterou a sua vontade de se
deslocar a Kiev "logo que seja possível".
6.
Pedro Tadeu no Diário de Notícias:
«A conclusão mais importante do que Vladimir Putin disse ontem no discurso sobre o estado da nação russa é a de que o mundo está à beira de defrontar uma guerra nuclear.
Quando o chefe de Estado russo anunciou que suspendia a participação do país na execução do acordo nuclear New START, assinado em 2010, que previa cortar para metade as armas nucleares estratégicas russas e norte-americanas, deu mais um passo na caminhada, paulatina e louca, que ele próprio e Joe Biden estão a fazer rumo a um terrível holocausto na Europa.
Putin explicou a medida por os EUA estarem a exigir acesso às bases russas para fiscalizarem o cumprimento desses acordos, mas negarem aos russos um acesso recíproco às bases norte-americanas.
Por outro lado, Putin acusou ainda o governo de Biden de estar a desenvolver secretamente novos tipos de armas nucleares, violando assim os pactos existentes.
Seja mentira, seja verdade, o ponto é este: à medida que a NATO se envolve cada vez mais no conflito na Ucrânia, enviando cada vez mais armas, fechando deliberadamente e ostensivamente todas as portas a um início de diálogo, exigindo a "derrota total da Rússia" e recusando qualquer tipo de compromisso, em vez de melhorar a situação, está a piorá-la.»
7.
Dizem todos os
jornais, rádios e televisões que a selecção feminina de futebol fez história
ao apurar-se, pela primeira vez, o
primeiro para um mundial de futebol.
8.
Paulinho, o carismático roupeiro do Sporting, hoje no Record: «Entre mim ou António Costa, quem é mais reconhecido na rua? Ele não tem hipótese!»
Gostou da fotografia de hoje. Deixou lá um comentário:
«Todos os dias por aqui passa, sempre se lhe
oferece escrever uma, duas palavras mas nem sempre acontecem, porque os
comentários que pensa escrever tornam-se palavrosos e, por vezes, pouco
coincidentes com o texto em apreço.
Mas hoje não pode fugir porque a fotografia remete-o
para tempos antigos em que, nascido em Lisboa, sempre gostou de Cacilhas e esta
fotografia do Farol, agora tão diferente, remete-o para lembranças/saudades
quando, aos domingos, ia almoçar àqueles tão populares restaurantes do Ginjal
com, como dizia José Quitério, existia a beleza de comer uma caldeirada de
peixe olhando as fragatas no Tejo. Lembra-se que o que mais frequentava era o
«Grande Elias» e vem à memória, quando se pediam os cafés, a frase de um dos
empregados: «e um anizinho para as senhoras e um bagacinho para os
cavalheiros».
Apenas podia dizer: «bonita fotografia», como todas as que aqui são colocadas, mas, como disse, é um palavroso.»
Às vezes sentimos que o tempo chegou ao fim, que
as portas se estão a fechar por trás de nós, que já nenhum ruído
de passos nos segue; e temos medo de nos voltar, de dar
de frente com essa sombra que não sabíamos que nos
perseguia, como se ela não andasse sempre atrás de nós,
e não fosse a nossa mais fiel companheira. Às vezes,
em tudo o que nos rodeia, encontramos essa impressão de
que não sabemos onde estamos, como se o caminho para
aqui não tivesse sido o mesmo, desde sempre, e tudo
devesse ser-nos, pelo menos, familiar. A solução é pegar
no fim e metê-lo à boca, como se fosse uma pastilha
elástica, derreter o sabor que o envolve, por amargo
que seja, e no fim pegar nesse resto que ficou e, tal
como se faz à pastilha elástica, deitá-lo fora. Para
que queremos nós o nosso próprio fim? Já bastou
tê-lo saboreado, derretido na boca, sentido o seu
amargo sabor. Então, libertos do nosso fim, veremos
que as portas se voltarão a abrir, que a gente continua
a andar à nossa volta, que a sombra já não nos mete medo,
e que se nos voltarmos teremos pela frente o rosto
desejado, o amor, a vida de que o fim nos queria ter privado.
Nuno Júdice
Vladimir Putin acusou, esta terça-feira, o Ocidente de
ser o instigador da guerra na Ucrânia, garantindo que tentou sempre a via
diplomática para chegar a acordo com os países da Nato, evitando o conflito.
"Passo a passo" os objetivos serão alcançados na Ucrânia, promete o
líder russo, que suspendeu a participação no único acordo de não-proliferação
de armas nucleares em vigor entre os EUA e a Rússia, o "New START
«Foram eles que começaram a guerra. Nós estamos a tentar pará-la", afirmou, no discurso do Estado da Nação, em que caracterizou a Rússia como um país vítima da hegemonia ocidental e que sempre procurou a paz. "Nós defendemos a vida, o Ocidente quer poder", garantiu, dando o exemplo da dispersão de bases dos EUA pelo Mundo.
1.
Falta de camas em lares de idosos atira preços para os 1500 euros. As 100 mil camas existentes não respondem às necessidades do país.
2.
O PSD fez integrar na
Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP, Patrícia Dantas deputada que está a ser julgada por fraude na obtenção de
subsídio num megaprocesso centrado
na entretanto extinta Associação Industrial do Minho, 120 arguidos e está
relacionado com uma alegada fraude de cerca de 10 milhões de euros, envolvendo
fundos europeus.
«Essa deputada exerce funções desde o início da legislatura, já esse processo corria termos, já ela tinha essa posição processual e está a fazer aquilo que já fazia antes de haver esta comissão de inquérito. Portanto, não há aí nenhuma novidade».
3.
Segundo o Jornal de Notícias, m padre de Loures,
juntamente com a sua companheira foram acusados pelo Ministério Público de
desviar cerca de 800 mil euros de IPSS - instituições de solidariedade social (IPSS).
O padre Arsénio Isidoro e uma mulher, com quem mantinha uma relação amorosa, desviaram o dinheiro de seis instituições para fazerem uma vida de luxo. Viagens, restaurantes, um Porsche, roupas caras, um barco e uma vivenda em Peniche terão sido alguns dos bens comprados com o dinheiro angariado e destinado a apoiar idosos e crianças.
4.
Fernanda Cãncio no Diário de Notícias de hoje:
«Não é decerto a conduta de uma organização arrependida e que busca a redenção na verdade e na justiça; não é contrição que vemos nos pedidos de perdão, mas disfarce, cálculo, determinação na sobrevivência a todo o custo. A arrogância suprema de quem acha que se se safou até agora se safará sempre - e decerto não crê em justiças divinas, ou sequer num poder maior que o seu, muito menos na justiça humana ou na coragem dos governos.»
5.
Da secção «Dinheiro
Vivo» do Diário de Notícias:
«Com 1600 cavalos de potência, 380 km/h de velocidade máxima, 2,5 segundos para chegar a 100 km/h e 8,8 milhões de euros de preço, o Bugatti Centodieci é o carro mais raro de entre todos aqueles que os craques da bola guiam. Está nas mãos de Cristiano Ronaldo, um jogador muito mais caro do que o seu bólide mas, embora naqueles piques dele não pareça, não tão rápido. CR7, que tem ainda um McLaren Senna, entre outros objetos de coleção, é dono de um dos únicos dez Bugatti Centodieci do planeta.»
6.
Lê-se no Público:
Uma portaria conjunta
das secretarias de Estado do Orçamento e das Infra-Estruturas, de 16 de
Fevereiro, autoriza a CP “a assumir encargos relativos ao contrato de prestação
de serviços para o aluguer e manutenção de 18 automotoras diesel série 592 para
prestação de serviços em linhas não electrificadas” no valor de 19,6 milhões de
euros, "entre 2023 e 2025”. Os encargos orçamentais prevêem uma primeira
tranche de 7,7 milhões já este ano, 7,4 milhões em 2024 e 4,5 milhões em 2025.
Esta prorrogação do aluguer das automotoras espanholas deve-se à derrapagem das electrificações das linhas do Algarve, Oeste e Douro, cujas obras de modernização somam, pelo menos, nove anos e meio de atraso.
Saint-Saens compôs a
peça com o objectico de fazer uma crítica ao cenário musical de Paris, no findar do século XIX.
A peça é formada
pelas seguintes actos:
«À medida que nos aproximamos do aniversário da brutal invasão da Ucrânia pela Rússia, estou hoje em Kiev para me encontrar com o presidente Zelensky e reafirmar o nosso compromisso inabalável com a democracia, a soberania e a integridade territorial da Ucrânia", declarou Joe Biden numa mensagem publicada no Twitter.»
1.
Paulo Baldaia, hoje,
no Diário de Notícias intitula a sua crónica: Falcões e pombas nos céus da Ucrânia:
«Visto do lugar de cada um dos que estão em guerra, a paz é impossível.
A Ucrânia não admite ceder território e a Rússia não aceita ficar apenas com o
que já tinha antes da invasão de 24 de fevereiro. Para cada um dos campos
aliados, aceitar a derrota é também impensável. É evidente que se joga, na
guerra da Ucrânia, muito mais que os desejos imperialistas de Moscovo. Os
impérios que se confrontam usam os eslavos como carne para canhão, mas é no
Pacífico que querem medir forças. Por agora, estão apenas a testar o resto do
mundo. Já vimos acontecer.
A China anunciou que, assinalando um ano de guerra, avançará com uma
iniciativa de paz na Ucrânia, mas aproveitou para apontar o dedo aos que
"atiraram achas para a fogueira". Obviamente, procurando culpar
Washington. Obviamente, pouco interessada em criar um clima em que a paz possa
ser verdadeiramente discutida. A China poderia fazer a diferença, mas não vê o
que pode ganhar com isso.
A China anunciou que, assinalando um ano de guerra, avançará com uma
iniciativa de paz na Ucrânia, mas aproveitou para apontar o dedo aos que
"atiraram achas para a fogueira". Obviamente, procurando culpar
Washington. Obviamente, pouco interessada em criar um clima em que a paz possa
ser verdadeiramente discutida. A China poderia fazer a diferença, mas não vê o
que pode ganhar com isso.
A Europa que acabará sempre a perder, seja qual for o resultado da guerra, trabalha para adiar o seu declínio. Não está capaz de se defender militarmente a si própria e está em segundo plano na guerra económico-financeira em curso entre a China e os Estados Unidos. Quanto menos conta mais a Europa amedronta as suas opiniões públicas, influenciadas pelo populismo nacionalista e religioso, interessadas em ver o fim da guerra, disponíveis para serem convencidas da vantagem de uma derrota ucraniana.»
2.
«As novas entregas de
armas prometidas por Biden nesta altura são um sinal inequívoco de que as
tentativas russas de ganhar não terão qualquer hipótese.
O secretário-geral do PCP considerou esta segunda-feira que a visita do Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, à Ucrânia poderá "acrescentar guerra à guerra", apelando a que sejam dados sinais com vista a negociações de paz.
4.
Tal como aconteceu
com a aquisição das vacinas contra a covid-19, a União Europeia poderá vir a
estabelecer mecanismos para a compra conjunta de armas e munições de modo a
garantir um fornecimento, em quantidade e rapidez, à Ucrânia. A presidente da
Comissão Europeia mencionou a ideia este sábado na Conferência de Segurança de
Munique.
«Podemos pensar, por
exemplo, em programas antecipados de aquisição, que permitirão à indústria de
defesa a possibilidade de investir em linhas de produção», disse Ursula von der
Leyen.
Josep Borrell, chefe
da diplomacia europeia defendeu esta segunda-feira que a União Europeia deve
decidir rapidamente como acelerar o fornecimento de armamento, sobretudo
munições, à Ucrânia, advertindo que se este apoio falhar, "o resultado da
guerra está em risco".
A infância.
Dizem que é onde está
tudo… o que somos…
Onde acaba a infância?
A infância é coisa que acabe?
Dá agora para lembrar
a sensação de recordar livros que lera na infância – os livros, sempre os
livros!... – os ingleses dizem aquele back to childhood, e aparece O
Pequeno Lord de Frances Burnett, Colecção Azul, tradução de Maria Lamas,
foi à prateleira onde deveria estar, e não encontrou, emprestado a algum dos
netos?
Mas lembra que há muitos anos, num alfarrabista, comprou esse livro que tivera na infância.
Nunca fez um Olhar as Capas, mas aparece num Postal Sem Selo por causa de uma citação da Ana Teresa Pereira, capa toda sarapintada por uma esferográfica vermelha.
Também lá está o preço por que o alfarrabista lhe vendeu o livro: um escudo!
E nesse livro, tal como ele e o saco de batatas à porta da loja da
avó, o Lord, na mercearia, empoleirado numa caixa de bolachas, vê as caixas
desabarem para o chão.
Será assim?
Mas nessita de ter o
livro entre mãos…
Podermos ler de diferentes
maneiras, e ainda mais porque há quem pense aprender-se mais com a experiência
do que com os livros, mas sempre achou os livros indispensáveis.
Acho que estou
perdido.
A converseta vem a propósisto
de quê?
Ah sim!, porque
voltou a reler que José Saramago quis ser maquinista de caminho de ferro, ele
não diz donde lhe veio o sonho, e há aquela moça que quis ser carteiro porque viu filme O Carteiro de Pablo Neruda e ele não recorda, mesmo verdade!, se na
infância quis ser alguma coisa.
Estranho.
Tem uma frase a martelar
na memória, que diz tão pouco, «ser aprendiz de tudo, oficial de nada»
Melhor ficar por aqui.
Todo o discurso é apenas o símbolo de uma inflexão
da voz
a insinuação de um gesto uma temperatura
ã sua extraordinária desordem preside um pensamento
melhor diria “um esforço” não coordenador (de modo algum)
mas de “moldagem” perguntavam “estão a criar moldes?”
não senhores para isso teria de preexistir um “modelo”
u ma ideia organizada um cânone
queremos sugerir coisas como “imagem de respiração”
“imagem de digestão”
“imagem de dilatação”
"imagem de movimentação”
"com as palavras?” perguntavam eles e devo dizer que era
uma pergunta perigosa um alarme colocando para sempre
algo como o confessado amor das palavras
no centro
não tentamos criar abóboras com a palavra “abóboras”
não é um sentido propiciatório da linguagem
introduzimos furtivamente planos que ocasionais
ocupações (“des-sintonizar” aberto o caminho
para antigas explicações “discursos de discursos de discursos” etc.)
fixemos essa ideia de “planos”
podemos admiti-los como “uma espécie de casas”
ou “uma espécie de campos”
e então evidente para serem habitados percorridos gastos
Será que se pretende ainda identificar “linguagem” e “vida”?
uma vez se designou mão para que a mão fosse
uma vez o discurso sugeriu a mão para que a mão fosse
uma vez o discurso foi a mão
partia-se sempre de um entusiasmo arbitrário
era esse o “espírito” o “destino” da linguagem
agora estamos a veras palavras como possibilidades
de respiração digestão dilatação movimentação
experimentamos a pequena possibilidade de uma inflexão quente
“elas estão andando por si próprias!” exclama alguém
estão a falar a andar umas com as outras
a falar umas com as outras
estão lançadas por aí fora a piscar o olho a ter inteligência
para todos os lados
sugerindo obliquamente que se reportam
a um novo universo ao qual é possível assistir
ver
como se vê o que comporta uma certa inflexão
de voz
é uma espécie de cinema das palavras
ou uma forma de vida assustadoramente juvenil
se calhar vão destruir-nos sob o título
“os autómatos invadem” mas invadem o quê?
Herberto Helder de Antropofagias em Poesia Toda, 2º volume
Domingo de Carnaval.
Vergílio Ferreira:
Que ideia a de que no Carnaval as pessoas se mascaram. No Carnaval desmascaram-se.
Há uma cena genial em A Família Addams quando perguntam à Wednsday se não vai mascarada ao baile e ela responde que já está mascarada:
Estou mascarada de psicopata. Os psicopatas parecem pessoas normais.
Por ele, que nunca foi de carnavais, gostava um dia de ir ao Carnaval de Nova Orleães.
Os taipais são os do Kioske.
Correm, ao findar do dia, depois de lida, apenas o que entendeu ler, a imensa tralha que se aloja no vazio da internet.
1.
Francisco Louçã em entrevista: «Para o Partido Socialista, o Chega é o Euromilhões».
2.
Advogado acusado de cobrar
60 mil euros por processo fictício.
O Marque Mendes disse hoje na SIC, que os maiores beneficiários com o projecto habitacional de António Costa, serão os advogados!
3.
Duas casas devolutas, em espaços contíguos, arderam durante a madrugada deste domingo, na freguesia de São Victor, em Braga.
4.
Um grupo de católicos
portugueses está a organizar uma vigília de oração contra abusos sexuais na
Igreja Católica.
De acordo com a divulgação feita nas redes sociais, o evento vai decorrer em todo o país na próxima quarta-feira, dia 22 de Fevereiro, entre as 21 e as 22 horas.
5.
«Fui segunda-feira à Gulbenkian ouvir o relatório da Comissão
Independente para o Estudo de Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica
Portuguesa.
Tirei quatro conclusões básicas: há cem sacerdotes no activo que têm de ser imediatamente expulsos das sacristias e altares e colégios e seminários e grupos de escuteiros; há 25 acusações ainda não prescritas, agora enviadas ao Ministério Público, que deverão ser investigadas e, caso se provem, severamente punidas com prisão; a Igreja terá, como noutros países, de pagar despesas médicas de acompanhamento psicológico e indemnizações às vítimas; por último, é essencial que haja um pedido de desculpas formal, ecuménico, irreversível e genuíno, dos bispos portugueses e do Papa, durante as cerimónias da Jornada Mundial da Juventude, no Trancão.»
Rui Cardoso Martins, da crónica no Jornal de Notícias
6.
O preço que os trabalhadores terão de pagar por uma refeição nas cantinas dos organismos e serviços públicos vai aumentar 80 cêntimos, passando dos actuais 4,10 euros para 4,90 euros.
7.
Ainda é possível, passados que são 13 dias sobre a tragédia encontrar pessoas com vida entre os escombros que, segundo números recentes, provocaram mais de 40.000 mortos.
8.
O primeiro-ministro português mostrou-se este domingo confiante na reeleição de António Vitorino, em alguns tempos o partido solicitou-lhe auxílio, «não há festa nem festança onde não apareça a Dono Constança» e ele assobiou para o lado, para a Organização Internacional para as Migrações, salientando que todos os líderes africanos com quem falou em Adis Abeba apoiam a manutenção de António Vitorino.
9.
A biografia de Natália Correia que será publicada em Março pela Contraponto tem 700 páginas e levou seis anos a ser escrita, notícia revelada ao final da tarde desta sexta-feira no Correntes d’Escritas, o festival literário da Póvoa de Varzim.
10.
Marcelo Rebelo de Sousa, considerou esta sexta-feira que a posição do PCP sobre a condecoração do Presidente ucraniano com a Ordem da Liberdade “é coerente” com aquilo que o partido defende desde o inicio da guerra.
11.
Dados oficiais demonstram que cerca de 57 milhões de toneladas de comida são desperdiçados na União Europeia todos os anos, o equivalente a 127 quilogramas por habitante. São cerca de 130 milhões de euros que vão, literalmente, para o lixo, quando milhares de europeus não têm acesso a uma refeição completa.
Neste cenário, números de 2020 mostram que Portugal está acima da média. No quarto país da União Europeia onde mais se deita comida fora, cada português desperdiça em média quase 184 quilogramas de alimentos por ano.
12.
«Os sacrificados funcionários judiciais são peças essenciais para o bom funcionamento da Justiça e a sua greve está a criar um caos. É do mais estrito bom senso que o Ministério da Justiça, rapidamente, chegue a um acordo com os funcionários judiciais.»
Francisco Teixeira da Mota no Público
Há coisas que
não sabe como explicar. Fala delas, apenas, ou o gosto por ter causas, afectos.
Saber que há pessoas mais generosas do que outras.. Sim, é isso, o olhar para o
lado quando alguém, na rua, estende a mão para uma esmola.
Lembra-se das campanhas para defender o lince da Serra da Malcata de extinção,
ainda hoje são tema por aí, ainda o esperam…
Em Janeiro de
2002, um elevado número de surfistas organizou-se em manifestações e abaixo
assinados numa «Luta pela Onda Perfeita», com origem nuns esporões que a Câmara
Municipal estava a construir na Praia de Santo Amaro de Oeiras, e que iriam
destruir “a melhor onda da costa portuguesa, uma das melhores da Europa”.
Porque muito lhe
diz respeito, lembra no Verão de 1999 a luta dos agricultores de Palmela para
evitar o desaparecimento da maçã riscadinha. Acompanhou a luta e soube do
desânimo dos agricultores. Volta e meia davam-lhe informe de que, algures,
tinham visto maçãs riscadinhas, corria lá mas já não as encontrava. E não sabiam
se chegariam mais,,, esperavam mais…
Mas este ano encontrou-as no merceeiro aqui da rua. Onde haveria de ser? Os
tais merceeiros de que o Orson Welles falava e de que, num mundo selvagem de
hiper e super mercados, ainda haveremos de ter muitas saudades. E em tempos de
crise, como estes que atravessamos, mais ainda. Sim, porque só eles permitem
essa palavra mágica e perversa que se chama rol. Não dizemos à menina da caixa
do Continente: “ponha aí na
conta”!
A maça riscadinha é exclusiva de algumas zonas do concelho de Palmela, a
produção não é elevada e por esse facto não chegam às grandes superfícies. Esta
rapaziada apenas está interessada em grandes quantidades para poderem entrar na
especulação que determina preços baixíssimos aos produtores. Na Lourinhã a
batata sai do produtor a 15 cêntimos., ele que prepara a terra, lança as
sementes, rega, apanha-as. É possível? A batata fica na terra, a batata que
consumimos vem de Espanha e França. E quem fala em batata fala em outros
produtos.
O quilo das maçãs riscadinhas está no Sr. Ferreira a 1,95 euros o quilo.
A luta dos agricultores de Palmela teve êxito ou o seu aparecimento deve-se ao
facto de a partir de 1 de Julho a CEE ter revogado uma das suas muitas
estúpidas determinações?
Sim, essa determinação, com que a fúria normalizadora de Bruxelas nos brinda, e
que estabelecia que, de Portugal à Lituânia, as melancias, os pepinos, qualquer
fruta, qualquer vegetal, teriam que obedecer ao mesmo diâmetro, ao mesmo
feitio.
Mas agora não está preocupado com os porquês e apenas lhe apetece o tempo de
olhar, saborear, as belas maçãs riscadinhas de vermelho, amarelo, verde,
gostosura da sua infância.
Sabor e perfumes únicos, memórias doces.
(22 de Junho de
2009)
Legenda: fotografia tirada daqui.
O livro tem um Aviso, escrito por José Saramago, sem
indicação de data. Com toda a certeza, quando Saramago o escreveu, não o teria
escrito em acordês.
Provavelmente, nunca saberei das razões que levaram a
editora, ou os herdeiros de Saramago, a publicar os livros do Nobel Português,
fora da ortografia utilizada pelo autor.
É o Sublinhado Saramaguiano de hoje:
«O autor é um rapaz de vinte e quatro anos, calado, metido consigo, que
ganha a vida como praticante de escrita nos serviços administrativos dos
Hospitais Civis de Lisboa, depois de ter estado a trabalhar durante mais de um
ano como aprendiz de serralharia mecânica nas oficinas dos ditos hospitais. Tem
poucos livros em casa porque o ordenado é pequeno, mas leu na Biblioteca
Municipal das Galveias, tempos atrás, tudo quanto a sua compreensão logrou
alcançar. Ainda estava solteiro quando um caridoso colega da repartição,
segundo-oficial, de apelido Figueiredo, lhe emprestou trezentos escudos para
comprar os livrinhos da coleção «Cadernos» da Editorial Inquérito. A sua
primeira estante foi uma prateleira interior do guarda-louça familiar. Neste
ano de 1947 em que estamos nascer-lhe-á uma filha, a quem medievalmente dará o
nome de Violante, e publicará o romance que tem andado a escrever, esse a que
chamou A Viúva mas
que vai aparecer à luz do dia com um título a que nunca se há de acostumar.
Como no tempo em que viveu na aldeia já havia plantado umas quantas árvores,
pouco mais lhe resta para fazer na vida. Supõe-se que escreveu este livro
porque numa antiga conversa entre amigos, daquelas que têm os adolescentes,
falando uns com os outros do que gostariam de ser quando fossem grandes, disse
que queria ser escritor. Em mais novo o seu sonho era ser maquinista de caminho
de ferro, e se não fosse por causa da miopia e da diminuta fortaleza física,
imaginando que não perderia a coragem entretanto, teria ido para aviador
militar. Acabou em manga de alpaca do último grau da escala hierárquica, e tão
cumpridor e pontual que à hora de começar o serviço já está sentado à pequena
mesa em que trabalha, ao lado da prensa das cópias. Não sabe dizer como lhe
veio depois a ideia de escrever a história de uma viúva ribatejana, ele que de
Ribatejo saberia alguma coisa, mas de viúvas nada, e menos ainda, se existe o
menos que nada, de viúvas novas e proprietárias de bens ao luar. Também não
sabe explicar por que foi que escolheu a Parceria António Maria Pereira quando,
com notável atrevimento, sem padrinhos, sem empenhos, sem recomendações, se
decidiu a procurar um editor para o seu livro. E ficará para sempre como um dos
mistérios impenetráveis da sua vida haver-lhe escrito Manuel Rodrigues, da
Editorial Minerva, dizendo ter recebido A Viúva na sua casa por intermédio da Livraria Pax, de
Braga, e que passasse ele pela Rua Luz Soriano, que era onde estava a editora.
Em momento nenhum ousou o autor perguntar a Manuel Rodrigues por que aparecia a
tal Pax metida no caso, quando a verdade é que só tinha enviado o livro à
António Maria Pereira. Achou que não era prudente pedir explicações à sorte e
dispôs-se a ouvir as condições que o editor da Minerva tivesse para lhe propor.
Em primeiro lugar, não haveria pagamento de direitos. Em segundo lugar, o
título do livro, sem atrativo comercial, deveria ser substituído. Tão pouco
habituado estava o nosso autor a andar com tostões de sobra no bolso e tão
agradecido a Manuel Rodrigues pela aventura arriscada em que se ia meter, que
não discutiu os aspetos materiais de um contrato que nunca veio a passar de
simples acordo verbal. Quanto ao rejeitado título, ainda conseguiu murmurar que
iria tentar outro, mas o editor adiantou-se, que já o tinha, que não pensasse
mais. O romance chamar-se-ia Terra
do Pecado. Aturdido pela vitória de ir ser publicado e pela derrota de
ver trocado o nome a esse outro filho, o autor baixou a cabeça e foi dali
anunciar à família e aos amigos que as portas da literatura portuguesa se
tinham aberto para ele. Não podia adivinhar que o livro terminaria a pouco
lustrosa vida nas padiolas. Realmente, a julgar pela amostra, o futuro não terá
muito para oferecer ao autor de A
Viúva.
Dos anos que levo de
andar por aqui – completam-se 78 em Março - sempre ouvi falar de crise da
habitação. A minha infância de olhares está cheia de ver escritos nas janelas,
que sinalizavam que a casa, ou parte da casa, ou um quarto, estavam para
alugar.
Havia muito pouco
dinheiro.
O meu pai chegou a
ter uma partilha da casa com um tio da parte da minha mãe, para a ajuda do
pagamento da renda, mas, ao fim de alguns meses, esse tio não conseguiu pagar a
metade da renda.
Anos 50, a renda
cifrava-se em 600 escudos.
Muitas vezes havia a
imperiosa necessidade de alguns objectos terem de ir até à Casa de Penhores do
Sr. Martins na Rua da Penha de França, em frente da sede do Sporting Club da
Penha.
Esta semana o governo
de António Costa apresentou um pacote legislativo para enfrentar o problema da habitação. Recebeu, de todos os lados, um coro de impropérios e críticas. O pacote
ainda não é definitivo, vai entrar em diversas discussões, públicas e privadas
e só depois de tudo isso, seja aprovado.
Do que li na imprensa, por ignorância própria, não
entendi quase nada.
Não sei se a propósito do pacote, Marcelo Rebelo de Sousa
chamou a António Costa «um optimista irritante».
Por conta de todas as madurezas, dos detalhes ainda
desconhecidos do que o governo pretende, leva-me a deixar o primeiro poema de O Problema da Habitação do Ruy Belo:
A morte é a verdade e a verdade é a morte
Tão contente de vento, ó folha que nomeio
como quem à passagem te colhesse,
palavra de que tu, ó árvore, dispões para vir até mim
do alto da tua inatingível condição
De muito longe vinda, inviável lembrança
indecisa nas mãos ou consentida
por alguma impossível infância
E a alegria é uma casa recém-construída
Face melhor de todos nós, ó folha
dos álamos nocturnos e antigos visitados pelo vento,
no calmo outono, o dos primeiros frios, sais
do ângulo dos olhos, acolhes-te ao poema
como no alto mês de maio a flor imóvel do jacarandá
Não há outro lugar para habitar
além dessa, talvez nem essa, época do ano
e uma casa é a coisa mais séria da vida
Marcelo Rebelo de Sousa condecorou, com Ordem do Mérito, um empresário do
sector da restauração que deve cerca de dois milhões de euros ao fisco.
1.
2.
Em 2022 o poder de
compra dos portugueses caíu para os níveis de 2018 e segundo o Instituto
Nacional de Estatística o ordenado bruto médio caiu 4%.
No relatório sobre os
abusos sexuais cometidos por membros da Igreja católica estão referenciadas
pelo menos 4815 crianças que foram vítimas e a idade média que tinham no
primeiro abuso que sofreram é de 11/12 anos.
Hipocraticamente, o
sr. Bispo do Porto, Manuel Linda, disse:
«Sofro e choro pelas
vítimas».
4.
5.
«Acham a Educação cara? Experimentem a ignorância!»
Lia-se num cartaz na manifestação de professores.
6.
As senhoras da caridadezinha!
São quatro as
acusações do Ministério Público que visam a bastonária dos Enfermeiros: duas de
peculato e outras duas de falsificação de documentos.. Ana Rita Cvaco é dada
como autora de um esquema para falsificar deslocações e receber, indevidamente,
mais de 10 mil auros ao abrigo de subsídios de função,
7.
O mesmo estudo indica
que os portugueses estão a mudar alguns hábitos de consumo para fazer face à
subida dos preços.
A maior parte dos
consumidores indica que é importante que a comida seja barata e 47% dos
inquiridos afirmam que combatem os preços altos com a compra de alimentos, cuja
data de validade esteja prestes a expirar, por um preço mais reduzido.