Noite de sábado, incêndio num prédio na
Mouraria.
Duas mortes e 14
feridos naquele rez-do-chão onde viviam 22 imigrantes asiáticos, um espaço
limitadíssimo, quartos improvisados, colchões em cima de paletes.
É assim que se «vive»
nesta cidade onde a respectiva Câmara anda preocupada com o Festival da
Juventude, a visita do Papa, porque isso é dá «glamour».
São arrepiantes as
fotografias que o Público apresenta,
como arrepiantes e trágicas são as palavras dos moradores, seguindo as venturistas
pisadas falatórias:
«Isso é o que há mais
por aí, espaços como este. O sítio onde comprei o meu carro, ali ao fundo da
rua, foi todo esvaziado e encheram aquilo de colchões para meter lá essa
malta».
«Isto está cada vez
pior. E as autoridades fecham os olhos», critica, falando sobre o que diz ser
uma situação comum naquela zona da cidade, antes de lamentar que os poderes
públicos não encontrem soluções de habitação para «quem é daqui»
«Casos como o do
prédio que ardeu são o que não falta aqui. Normalmente, primeiro vem uma
pessoa, aluga uma casa e, atrás dela, começam a vir outras», relata. Habituado
a identificar a proveniência do lixo, garante que “existem restaurantes ilegais
a funcionar dentro dos prédios”.
«Isto são esquemas
para trazer pessoas, que se servem destes sítios para darem o salto para outros
lugares. Isto funciona como a porta da Europa para eles. Vêm sem ter casa ou
trabalho. É uma porcaria»
Observa o repórter do
Público:
«É impossível não reparar
num discurso com uma linha comum, quase como se em coro, sob o mote “nós e eles”,
os estrangeiros.
Arrepiante também o
que se lê na caixa de comentários da reportagem do Público.
Paulo Baldaia no Diário de Notícias:
«Qualquer pesquisa
num motor de busca com apenas duas palavras (Chega e imigrantes) nos revela de
imediato de que é feito este partido. Não é o que foi dito uma ou outra vez, é
um discurso que se repete como estratégia para ganhar votos pelo medo,
promovendo um discurso de ódio que pode terminar, como aconteceu agora em
Olhão, em violência física. Sem surpresa nenhuma, porque a violência é a marca
de água da extrema-direita.»
Novamente as palavras
da Maria Velho da Costa:
«É o ar do tempo. Sabemos que este país
está cheio de gente de outras partes e que a maioria vive em estado
de alto risco.»
Legenda: fotografia tirada do Público.
1 comentário:
O que é que se está à espera para imediatamente se enjaular os selvagens de Olhão-o selfies não diz nada?
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