Se quisermos tentar a definição política do Eduardo Guerra Carneiro, poderíamos dizer que era um homem de esquerda. Partidariamente, nessa esquerda, nunca ouvi, nunca li nada que o colocasse num partido. À maneira do seu grande amigo Vitor Silva Tavares.
Zeferino Coelho, o velho editor de José Saramago, em 27
de Janeiro do ano passado, deu uma entrevista à revista Visão, sobre a sua vida de editor.
A determinado passo, podemos ler:
«Em resumidas
contas foi este o ambiente em que me integrei no Porto dos anos 60. Por isso
não é de espantar que pouco depois de chegar me tivesse tornado militante do
PCP: o que ainda hoje me soa estranho é ter ido lá parar por iniciativa do
Eduardo Guerra Carneiro, o poeta sensível que, nas homéricas discussões
políticas e ideológicas características da época – nada se fazia sem se
examinar à lupa a sua adequação aos princípios teóricos que deviam guiar a ação
prática – acabava sempre a glosar o Cesariny dizendo que “pequenos burgueses
somos nós todos, ou ainda menos”. E não espanta também que viesse a participar
nas “eleições” de 1969 como candidato da CDE, Comissão Democrática Eleitoral,
pelo círculo do Porto.»
Curiosa a observação de Zeferino: o achar estranho ter
ido parar ao Partido Comunista Português por iniciativa do Eduardo Guerra
Carneiro.
Maravilhosos os itinerários, mesmo que não declarados, do
Eduardo.
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