Há algum tempo, numa
modificação descabelada aos seus cronistas, o Expresso mandou bugiar dois, que eu muito apreciava: Ana Cristina
Leonardo e Manuel S. Fonseca. Ficaram por lá encomendas como a Clara Ferreira
Alves, o Pedro Mexia, o Henrique Monteiro, um tal de Luís Pedro Nunes, etc.
No caso de Cristina Leonardo
tive sorte porque a reencontei, às sextas-feiras no suplemento Ipsilon do Público. Quanto ao Manuel S. Fonseca voou para o Correio da Manhã, e aí nada feito porque
não leio o pasquim.
Acontece, porém que
Manuel S. Fonseca tem um blogue, a sua Página Negra, e nem tudo está perdido.
Vai agora publicar um
livro na sua editora Guerra & Paz. Chama-se Crónica de África.
«Livro narcisista com
foto minha, quase de bibe, na capa. É um livrinho em três actos, infância,
adolescência e independência. Livro de fim de império, aqui se contam, com
espanto e reverência, as coisas que desfilaram pelos meus olhos míopes:
chimpanzés a beber coca-colas, indolentes caranguejos em fuga,
idealistas a correr desenfreados para assistir a tiroteios».
Deverá ser
interessante, mas o que gostava mesmo, é que publicasse, em livro, as crónicas do
Expresso e outras que andam por aí espalhadas.
Mas por hoje pego num
texto da sua Página em que fala de Alfred Hitchcock e da actriz Tallulah
Bankhead:.
«“Lifeboat”
é um filme à deriva no mar da II Guerra. Filmou-o Hitchcock num bote onde meteu
nove vidas sem destino. O caos tomou conta do oceano e no salva-vidas, no
início, só está uma mulher madura e bela, cabelo, maquilhagem e jóias
irrepreensíveis, casaco de arminho, esplêndidas meias de vidro. Tão certo como
ser um filme de Hitchcock, uma delicada cinta de ligas mantém essas meias
esticadas para que, sem dobras nem refegos, bem torneiem a bela perna.
A mulher é a mais libertina das actrizes, Tallulah Bankhead, e posso
jurar que não traz cuecas.
Também a secreta britânica, o MI5, lhe quis escrutinar o frondoso
jardim. Descobriu lá, de uma vez, cinco jovens de Eton, colégio que agora
formou os dois príncipes britânicos. O rendez-vous foi no selecto Hotel Café de Paris e o espião
alega que ela se terá regalado, em prática imorais e antinaturais, com os
cinco, como nunca Enid Blyton imaginaria.
O agente do MI5 jurou que numa só noite pararam 100 limusinas à porta
do hotel e também a acusou de lésbica. Tallulah, que sempre lamentou não ter
chegado a esse impertinente toque de delicadeza com Greta Garbo, foi
peremptória: “Jamais me tornaria lésbica, tanta é a falta de humor que têm!”
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