Prosseguindo a saga preferida dos netos de que é um avô maluco, por vezes, complicado, também diferente, porque não lembra se alguma vez em miúdo, profissionalmente querer ser qualquer coisa. Para complicar as coisas, a avó materna, Brigida de seu nome, tinha um lugar de frutas e legumes na Rua Castelo Branco Saraiva, mesmo em frente à Vila Gadanho e, lembra que está empoleirado num saco de batatas, à entrada da loja, o saco tomba e as batatas começam a rolar rua abaixo
A infância.
Dizem que é onde está
tudo… o que somos…
Onde acaba a infância?
A infância é coisa que acabe?
Dá agora para lembrar
a sensação de recordar livros que lera na infância – os livros, sempre os
livros!... – os ingleses dizem aquele back to childhood, e aparece O
Pequeno Lord de Frances Burnett, Colecção Azul, tradução de Maria Lamas,
foi à prateleira onde deveria estar, e não encontrou, emprestado a algum dos
netos?
Mas lembra que há muitos anos, num alfarrabista, comprou esse livro que tivera na infância.
Nunca fez um Olhar as Capas, mas aparece num Postal Sem Selo por causa de uma citação da Ana Teresa Pereira, capa toda sarapintada por uma esferográfica vermelha.
Também lá está o preço por que o alfarrabista lhe vendeu o livro: um escudo!
E nesse livro, tal como ele e o saco de batatas à porta da loja da
avó, o Lord, na mercearia, empoleirado numa caixa de bolachas, vê as caixas
desabarem para o chão.
Será assim?
Mas nessita de ter o
livro entre mãos…
Podermos ler de diferentes
maneiras, e ainda mais porque há quem pense aprender-se mais com a experiência
do que com os livros, mas sempre achou os livros indispensáveis.
Acho que estou
perdido.
A converseta vem a propósisto
de quê?
Ah sim!, porque
voltou a reler que José Saramago quis ser maquinista de caminho de ferro, ele
não diz donde lhe veio o sonho, e há aquela moça que quis ser carteiro porque viu filme O Carteiro de Pablo Neruda e ele não recorda, mesmo verdade!, se na
infância quis ser alguma coisa.
Estranho.
Tem uma frase a martelar
na memória, que diz tão pouco, «ser aprendiz de tudo, oficial de nada»
Melhor ficar por aqui.
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