Manuel Alberto Valente, na crónica que publica no Expresso, dedicou uma das últimas (27 de Janeiro) a recordar autores esquecidos.
A crónica começa
assim: «O tempo, esse grande escultor,
como lhe chamou Yourcenar, é muitas vezes ingrato com certos autores: depois de
um período de fama e reconhecimento, aira-os para o caixote do lixo da
História.»
E passa a citar
Altino do Tojal com os seus «Putos», Américo Guerreiro de Sousa, ManuelFerreira.
Lembra também
alguns autores esquecidos que estão a ser republicados como Maria Ondina Braga
(Imprensa Nacional), Maria Judite de Carvalho (Minotauro) e lembra ainda A Cidade das Flores de Augusto Abelaira,
que há muito se encontrava esgotado.
Mas o interessante da
crónica é que Manuel Alberto Valente lembra que o fenómeno
do esquecimento de escritores não é apenas português, mania muito nossa, e conta:
«Há alguns anos, conversando na Feira de Frankfurt com uma jovem
editora francesa, contei-lhe quão importante havia sido para a minha geração um
autor como Roger Vailland. Olhou-me espantada, e confessou que não só não havia
lido, como nem sequer conhecia o nome. E era editora… O tempo pode ser um
grande escultor, mas também muitas vezes, o barro com que esculpe desfaz-se e é
arrastado pelo vento.»
Por Roger Vailland
sei bem do que fala o Manuel Alberto Valente.
Reconto a história já
aqui deixada em Junho de 2013:
4 comentários:
Lembro-me que (há miito tempo) li Roger Vailland e, desse livro, apenas memorizei que se falava de uma etapa de ciclismo no Tour de France. E sei que gostei do autor.
Por aqui, na etiqueta «Roger Vailland- livros» encontra os livros de Vailland que pertencem à «Biblioteca da Casa». Uma influência nítida do meu pai que leu todo o Vailland em francês. Eu que nunca toquei piano, nem falo francês, tive que andar por aí à procura de todas as traduções e fui conseguindo.
O livro de que o Seve fala é «325.000 Francos»
Começa assim:
«O circuito ciclista de Bionnas é disputado todos os anos, no primeiro domingo de Maio, pelos melhores amadores de seis departamentos: Ain, Ródano, Jura e as duas Sabóias. É uma prova dura. Os corredores têm de vencer por três vezes o desfiladeiro da Cruz Rubra, a 1.250 metros de altitude. Tem acontecido várias vezes que o vencedor do circuito de Bionnas brilhe, como profissional, no Paris-Lille, Paris-Bordéus, na Volta à Itália, na Volta à França.»
José Cardoso Pires foi largamente influenciado por Roger Vailland.
Espectacular - foi mesmo este 325.000 francos, creio que era daquela colecção de livros de bolso da Europa-América (seria?)
A edição que tenho dos «325.000 Francos», é da Portugália Editora s/d.
Tanto quanto posso lembrar, os livros de bolso da Europa América, do Roger Vailland apenas publicaram «A Lei» nº 101 dessa colecção.
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