quinta-feira, 25 de abril de 2013

NAQUELE DIA DE 74

  
No dia 25 de Abril de 1974, olhando as páginas de espectáculos dos diários portugueses, pode constatar-se que era vasto o leque de ofertas, tanto nos cinemas como nos teatros, mas a qualidade era algo limitada.

Na madrugada de 25 de Abril, quando o Movimento das Forças Armadas sai para as ruas, já os jornais da manhã estavam nas rotativas. Apenas o Diário de Notícias e O Século conseguiram imprimir segundas tiragens onde, sem grande desenvolvimento, já davam conta do que se passava no País.

No que ao cinema diz respeito, o Politeama, exibia em 3ª semana, Eusébio, Pantera Negra, uma ignóbil exploração do nome do Eusébio. A javardice era realizada pelo espanhol Juan Orduña:

O rapaz da bola de trapo ao senhor da bola de ouro, 
Eusébio, a Pantera Negra relata-nos a vida do ídolo do futebol português, desde os primeiros pontapés na bola, passando pelos grandes momentos da sua vida pessoal, até à sua consagração como jogador de futebol.

Simplesmente lamentável.


Em contrapartida o Londres iria, nessa noite, estrear Hiroxima, Meu Amor de Alain Resnais, argumento de Marguerite Duras e interpretação da excelente Emmanuele Riva.
Robert Redford estava em dois filmes: O nosso Amor de Ontem, uma fita dolicodoce, realizada por Sydney Pollack, em que Barbra Streisand lhe fazia companhai e em A Golpada de George Roy Hill, ao lado Paul Newman

Curiosamente, no Cinema S. José em Cascais, poderia ver-se A Influência dos Raios Gama no Desenvolvimento das Margaridas, realizado por Paul Newman, com uma soberba interpretação de Jeanne Woodward, sua mulher.

No Satélite, sala estúdio do Monumental, exibia-se, para maiores de 18 anos, Cerimónia Solene de Nagisa Oshima,, no Europa um filme de Jean Chapot, Almas a Nú com Simone Signoret e Alain Delon, no Monumental Clint Estwood interpretava Harry Detective em Acção, no inema Castil, também para maiores de 18 anos, brilhava Jacqueline Bisset em Segredos Proibidos e que, ao lado de Jean-Paul Belmondo, também podia ser vista, no Condes, na fita de Philippe de Broer, O Magnífico.

O Estúdio do Cinema Império exibia, Ritual, a obra-prima de Ingmar Bergman, o Apolo 70 American Graffitti, um dos 10 melhores filmes do ano, realizado por George Lucas com Richard Dreyfus e no Berna podia ver-se Jesus Cristo Super Star.

O Vox estava fechado temporariamente para beneficiações.


 Passando ao Teatro, para além das habituais revistas no Parque Mayer, poderia ver-se, no Teatro Laura Alves a peça de Edward Albe, Zoo Story, com José de Castro e Canto e Castro, numa encenação de Costa Ferreira.


Luzia Martins estava no Teatro Vasco Santana a dirigir  Mar de Edward Bond, no Teatro Maria Matos, em últimas representações, estava A Morte de Um Caixeiro Viajante de Arthur Miller, enquanto que no Teatro Capitólio, em 31ª semana, um espectáculo de Vasco Morgado, A Menina Alice e o Inspector, com a inevitável Laura Alves e também Nicolau Breyner e Simone de Oliveira.


Para quem não quisesse sair de casa, a RTP 1 transmitia, em directo, o jogo de andebol entre o Benfica e o Vitória de Setúbal e, após o Tele-Jornal, Artur Agostinho apresentava No Tempo em Você Nasceu, programa que tinha como convidado Paulo de Carvalho acompanhado pelo Conjunto Musical Clave de Pedro Osório.

Coincidência das coincidências, a canção de Paulo de Carvalho, E Depois do Adeus tinha sido escolhida para primeira senha do 25 de Abril.

Tudo isto estava nos jornais, mas nada disto aconteceu.

Como soe dizer-se, os programas podem ser alterados por motivos imprevistos, e as portas dos teatros, dos cinemas não abriram nesse dia e a televisão tinha outras histórias para contar.

Acontecera o Dia das Surpresas.

1 comentário:

ié-ié disse...

boa peça, sim senhor!

LPA