Não gostaria que Agosto findasse
sem voltar a falar de Marilyn.
Todos os tempos
são bons para se falar da Diva mas há aquele Agosto de 1962, aquele fatídico
dia 5 em que se deixou morrer ou, simplesmente, a mataram.
Ainda acalento a
esperança de que a verdadeira história se saberá ainda comigo por cá. Não me
interessa assim muito, mera curiosidade porque, por óbvio, sei que a mataram.
Páginas
primeiras de Marilyn, Últimas Sessões, Michel Schneider trata de
nos dizer que fala de uma mulher cheia de vida, de humor, de desejos, tudo
menos uma depressiva com tendências suicidas.
Agosto que é o
tempo de uma noite de calor tórrido em Nova Iorque.
Billy Wilder põe Marilyn a representar uma das
cenas mais famosas do cinema.
Marilyn pergunta
por uma brisa que a refresque e a andar passa pela grade de uma saída de ar
do Metropolitano e o sopro que de lá sai levanta-lhe aquele vestido branco.
Uma lufada de ar fresco pode muito bem incendiar o
mundo, tal como escreveu Manuel S.
Fonseca.
O filme chama-se
The Seven Year Itch, que em português se chamou O Pecado Mora ao
Lado.
Folheio o livro
de Schneider e faço paragem quando ele vai buscar esse filme para colocar Billy
Wilder a falar dos costumados atrasos de Marilyn:
Eu não tinha
problemas com a Monroe. Marilyn tinha problemas com a Monroe. Havia nela
qualquer coisa que a mordia, que a roía, que a devorava. Era um ser
desacertado, à procura de uma parte perdida de si mesma. Como nessa cena de
Some Like It Hot, em que, mal acordada e ébria, tinha de abrir todas as gavetas
de uma cómoda e dizer: «Mas onde está esta garrafa de whisky?» Tínhamos colado
uma etiqueta em cada uma das gavetas, para lhe lembrar a réplica. Não serviu de
nada, e à sexagésima terceira tentativa em dois dias para filmar a cena,
chamei-a à parte e perguntei: «O que é que não está a corre bem? Não te
preocupes vamos conseguir.» Ela respondeu: «Preocupar-me com o quê?» Fizemos
oitenta tentativas. Mas, contas feitas, valia a pena. É uma grande actriz. Mais
vale Marilyn atrasada do que todas as outras actrizes dessa época. Se eu
quisesse alguém que chegasse todos os dias a horas sabendo as réplicas de cor,
contratava uma tia velha que tenho em Viena. Levanta-se sempre às cinco da
manhã e nunca tem falhas de memória. Mas quem é que quereria vê-la no écran.
George George
Cukor, que a dirigiu em Vamo-nos Amar e que não simpatizada nada com
Marilyn, chegou a dizer que Marilyn era bastante dotada, que se subestimava., capaz de fazer coisas dificílimas, mas que não tinha confiança alguma em si.
Marilyn dizia-se
uma dançarina que não sabe dançar”
Para os atrasos
de Marilyn volto ao livro de Scheider:
Desde o início das filmagens, Geoge Cukor contabilizou
trinta e nove horas perdidas apara a produção. Chego sempre atrasada. As
pessoas imaginam que é por arrogância. É exactamente o contrário. Conheço
montes de pessoas que são perfeitamente capazes de chegar a horas mas para não
fazerem nada, só ficarem sentadas a contar a vida ou outro monte de burrices, É
isso que espera de mim.
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