Antologia Poética
Jacque Brel
Textos sobre
Jacques Brel, entrevistas com Jacques Brel e Poemas
Tradução e
Introdução de Eduardo Maia
Colecção Lagarto
nº 11
Assírio &
Alvim, Lisboa, Setembro de 1985
J C - Parece-me
que não gosta muito daquela sua canção intitulada «Quand maman reviendra»,
visto que nunca a canta em público. Porquê?
JB - É
verdade qie não gosto muito dessa canção. Aliás, ela já passou por diversas vicissitudes.
Comecei por escrevê-la com uma música diferente de que você conhece, mas tive
de fazer outra. Mas, sobretudo, aconteceu que não consegui fazer o que queria
realizar inicialmente. A história devia desenrolar-se na periferia de uma
grande cidade dos Estados Unidos. E eu quis armar em proletário, que o não sou.
Quis-me pôr na pele de um tipo de vinte anos, e já os não tenho. Cada vez que
faço batota comigo mesmo sai asneira, o que é bem feito. Na altura penso que
estou a ser sincero, estou convencido que tenho mesmo vinte anos, etc. Vejo-me
sentado no passeio numa zona operária, e fico todo convencido, todo babado. E
juro que tenho realmente a sensação de estar a ser honesto. No entanto, quando
acabo o trabalho, dou conta, quando já é tarde, que o não estava a ser. É assim
que se estraga uma canção.
(Da entrevista deJean Clouzet)
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