quinta-feira, 13 de agosto de 2015

OS IDOS DE AGOSTO DE 1975


13 de Agosto de 1975

NO SEU LIVRO, A Resistência, José Gomes Mota relata, com detalhe, as conspirações que iam sendo construídas, primeiro para a elaboração do Documento dos Nove, segundo para a formação de um VI Governo Provisório:
Como o V Governo tinha uma esperança que não ia além de dois meses, era necessário encontrar rapidamente uma solução que pudesse ultrapassar definitivamente a crise aberta pelo abandono do IV Governo Provisório dos representantes dos partidos socialistas e popular democrático.
Reuniões com elementos do Grupo dos Nove e Otelo Saraiva de Carvalho acontecem em casa do próprio Gomes Mota.
Na entrevista à Agência espanhola Pyresa. Mário Soares chega a lançar a ideia de que Melo Antunes daria um bom Primeiro-Ministro.
Mas, ainda segundo Gomes Mota, a escolha recai em Carlos Fabião.
Nos próximos dias se dará conta do que então vai acontecendo neste Agosto de há quarenta anos.

CONTINUARAM a chegar em massa retornados de Angola.
Aos mais necessitados é-lhes dado 20, 50 ou 100 escudos para as primeiras despesas.
Entretanto o IARN vai resolvendo os problemas de alojamento.
De fonte não oficial, corre a notícia de que tropas da África do Sul entram no território para dar apoio à FNLA e à UNITA.

MIGUEL TORGA no seu Diário:
Coisa curiosa: esta revolução soçobra por inércia. As pessoas não actuam, por comodidade ou desleixo, à espera que as coisas se resolvam por si. Os próprios partidos praticam uma política morosa, de espera galegos. No fundo, todos reconhecemos intimamente a nossa mediocridade e não tentamos ecder-nos. Se depois a História nos confirmar, tanto melhor. Diante do comportamento de certos homens, fica a gente a pensar se estaremos em face de desencantados, de abúlicos, de cépticos ou de mistificadores.

Fontes:
- Acervo pessoal;
Os Dias Loucos do PREC de Adelino Gomes e José Pedro Castanheira.

A Resistência de José Gomes Mota – Edições Jornal Expresso, Lisboa Junho de 1976.

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