É sempre fácil
caminhar em cima das águas, mas é impossível fazê-lo milagrosamente. Tornou-se
um número de circo – aquele equilíbrio no arame que mata o apetite da vertigem
e nebulosa delinquência de uma emotividade suburbana. A última revelação é esta
de sermos os produtores inexoráveis e os inevitáveis produtos de uma ironia
cuja única dignidade é descender do tormento, um tormento sempre equivocado na
sua manifestação sensível. Por isso cada vez me devoto às imobilidades, aos
silêncios, ao sono.
Herberto Helder
em Photomaton & Vox
Sem comentários:
Enviar um comentário