sábado, 15 de agosto de 2015

SÓ PODIAM ESTAR A BRINCAR


Em matéria de country, dou-me muito bem com o Willie Nelson e com o Merle Haggard. Toquei com eles em três ou quatro programas de televisão. O Willie é fantástico. Ele tem um tipo a trabalhar para ele, com um frisbee virado ao contrário cheio de erva, e toca a enrolar, enrolar, enrolar. Aí está um verdadeiro amante de haxe. Mal se levanta, fuma uma ganza. Eu, pelo menos, espero dez minutos! Que grande compositor. Um dos melhores. Texano, também ele. Entendemo-nos mesmo bem. Sei o quanto o preocupa a situação dos pequenos agricultores na América; a maior parte das coisas que fizemos juntos foi em prol dessa causa. Os grandes conglomerados estão a abarbatar-se de tudo; é contra isso que ele luta, e que belo combate lhes está a oferecer. Um tipo generosíssimo. Imperturbável, inabalável, de uma fidelidade absoluta à sua causa, aconteça o que acontecer. Só aos poucos me apercebi de que tinha crescido ao som da sua música, porque muito antes de começar a cantar e tocar o Willie já compunha; Crazy e Funny How Time Slips Away. Sempre me senti algo intimidado quando tipos como ele, diante dos quais sempre me tinha ajoelhado, me vinham perguntar; «Queres tocar comigo?» Achava que só podiam estar a brincar.

Keith Richards em Life

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