Tarde de sábado para visitar familiares em Santo
António da Caparica. Ir beber um café e, na casa com o mesmo nome, comer um
pastel de Santo António. O que muitas vezes fizemos com o Mário Castrim quando
em São João tinha uma casinha onde passava os fins-de-semana.
Num escaparate a revista da Câmara Municipal de
Almada.
A notícia de que até 28 de Setembro no Museu de
Almada-Casa da Cidade, Praça João Raimundo, Cova da Piedade, está patente uma
exposição do fotógrafo Alfredo Cunha que há 50 anos captou momentos marcantes
da Revolução de Abril.
Numa das quatro fotografias que a revista publica
encontra-se esta.
Em primeiro plano está Joaquim Benite que então
trabalhava em O Século, e que juntamente com outros jornalistas no 25 de Abril
acompanharam a coluna da Escola Prática de Cavalaria de Santarém, desde o
Terreiro do Paço até ao Largo do Carmo onde, no quartel da Guarda Republicana,
se refugiara Marcelo Caetano mais uns acagaçados ministros do seu já
ex-governo.
Na mesma fotografia também podem ver-se: de costas,
Rodrigues da Silva, Jorge Galamba e Augusto Carvalho, João Carreira Bom, José
João Louro, António Freire Antunes, Emília Gameiro, Margarida Silva Dias.
Conheci o Joaquim Benite por meados dos anos 60.
Trabalhava o Benite n'O Século, boemava
eu, pelos cafés de Lisboa, com o José Ferraz e o Armindo, e amiúde
encontrávamo-nos no último eléctrico, que do Martim Moniz subia até à Graça.
Morava num quarto alugado na Rua Cesário Verde, uma
vida muito difícil.
Eu morava em casa dos meus pais, na Mestre António
Martins.
Descíamos na paragem do Forno do Tijolo, subíamos a
Heliodoro Salgado, madrugada dentro a falar, por exemplo, de algumas das
maneiras de deitar um ditador de botas, do trono abaixo. Nenhuma era do modo
como veio a acontecer.
Detestava o teatro que se fazia na altura, entre os
pastelões do Nacional, os pastelões comerciais, o teatro de
revista.
Tinha um sonho. Melhor: tinha muitos sonhos.
Acompanhei os seus primeiros tempos no Campolide. Uma
dedicação, um entusiasmo que não cabem em palavras.
Já a trabalhar em Almada, Benite e a sua mulher,
Teresa Gafeira, chegavam altas horas da noite à casa onde viviam na Rua da Paz,
e desatava a fazer esparguete à bolonhesa, falava, falava, fumava um milhão de
cigarros.
-
És um autêntico caixeiro-viajante do teatro.
- Sabes lá o que é o teatro, sabes lá o que é um caixeiro-viajante.
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