Nuno Rogeiro aproveitou o seu programa Leste-Oeste, na SIC, para falar de uma
outra guerra: a do vinho do Porto. Alguém lhe encomendou o sermão e o
comentador fez-lhe a vontade, avançando com números e explicações próprias de
quem está na praia errada, como dizer que, “quando o mosto começa a fermentar,
o chamado generoso”. Ora, chama-se “generoso”, ou fortificado, ou vinho fino ao
vinho já aguardentado. Mas tudo bem. Tirando alguns lapsos, desculpáveis, uma
vez que o vinho do Porto é mesmo um mundo demasiado complexo, Nuno Rogeiro
levantou uma questão importante, que os decisores do vinho do Porto gostam de
manter debaixo do tapete: como é possível continuar a produzir um vinho com
denominação de origem controlada, único no mundo, que leva na sua composição um
quarto de vinho proveniente de Espanha ou de França em forma de aguardente?
O Douro é como uma senhora distinta que se deixou levar por maus caminhos
Cada pipa de vinho do Porto (550 litros) leva cerca de 120 litros de aguardente
e essa aguardente é quase toda comprada fora do Douro e de Portugal. Onde está
a genuinidade do vinho?»
Pedro
Garcias, crónica do Público de 4 de Maio de 2024-05-20
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