quinta-feira, 2 de maio de 2024

UMA FOTOGRAFIA DE ALFREDO CUNHA


Ambos têm as espingardas
a prolongar o corpo, um deles
está deitado no alinhamento
da guia do passeio, o outro
com um joelho no asfalto,
mas a um dos soldados não se vê
o rosto, virou-se à curiosidade
da criança que se baixou
para falar com ele, para saber
se a arma dispara balas
verdadeiras, imagine-se
uma revolução em que as
crianças andam nas ruas
a perguntar aos soldados
como funcionam as espingardas
e a quererem saber se as espingardas
disparam balas verdadeiras.
Os adultos têm os olhares

José Carlos Barros

Nota do Editor: este poema de José Carlos Barros foi copiado do jornal Público, 27 de Abril de 1974

Poesia Pública é uma iniciativa do Museu e Bibliotecas do Porto comissariada por Jorge Sobrado e José A. Bragança de Miranda. Ao longo de 50 dias publicaremos 50 poemas de 50 autores sobre revolução.

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