Na bala, nessa bala absolutamente vulgar
que desfez o coração desesperado
de Vladimir Maiakovski no dia
14 de abril de 1930. É nessa bala que eu penso
sempre que leio ou oiço certas coisas
que se dizem sobre poesia.
Porque, por estes dias, dizem-se
muitas coisas sobre poesia.
Algumas delas realmente espantosas.
E até por gente inteligente, respeitada.
Por exemplo, que a poesia é inútil,
que hoje ninguém lê poemas,
que a beleza não transforma a vida!
Até isso, imagine-se! Como se a chama de um fósforo
não fosse, só por si, luz suficiente
para desmanchar toda a escuridão do mundo.
Luís Filipe
Parrado
Nota do
Editor: este poema de Luís Filipe Parrado foi copiado do jornal Público, 2
de Maio de 2024
Poesia Pública é uma iniciativa do Museu e Bibliotecas do Porto comissariada por Jorge Sobrado e José A. Bragança de Miranda. Ao longo de 50 dias publicaremos 50 poemas de 50 autores sobre revolução.
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