Há uma
frase de Jorge Calado lida não lembro onde:
«O
primeiro sintoma duma cultura é a culinária. Diz-me o que comes, dir-te-ei quem
és.»
Para
continuar uma outra frase, esta do jornalista Rodrigues da Silva, que há algum
tempo nos deixou:
«…em miúdo, atraído pelo cheiros e antegozando os
sabores, metia o bedelho na cozinha, minha mãe corria comigo de lá, dizendo-me
assim: «Aprende a fazer o refogado, que depois mexes no tacho».
Sempre gostei de comer em tascas, tabernas.
Liquidaram-nas. Umas viraram frutarias, outras
bancos, outras lojas de artesanato, outras reles snacks, também restaurantes a
armar ao pingarelho.
Deixei-me de comer
Mas quando era miúdo, quando se comia fora, era
uma festa.
O livro que trouxemos hoje ao Olhar as Capas, é um
dos que constam na Biblioteca da Casa para acompanhar as experiências que vamos
fazendo na arte petisqueira e serviram na perfeição nos tempos em que a Aida
teve uma taberna em Almoçageme
A sugestão fomos encontrá-la no mestre José Quitério:
«Publicado em 1904, o Tratado conheceu êxito sólido. Quando apareceu, o último grande livro de culinária de autor português era o de João da Mata, de 1876, muito mais virado para a alta cozinha de recorte evidentemente francês. O Bento da Maia (como passou a ser identificado) é, sobretudo, uma súmula da cozinha burguesa que não descura a popular e regional portuguesa. Além das novecentas e quarenta e quatro receitas de iguarias diversas e das cento e noventa e oito dos doces, oferece amplos ensinamentos sobre tudo quanto se relaciona com a cozinha e a mesa, de maneira acessível para principiantes. Esta última característica valeu-lhe a popularidade: era o livro que se oferecia às noivas, para que pudessem trazer os maridos bem presos à rédea curta da boa petisqueira caseira.»
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