«Já nós, pobres leitores, corremos como baratas tontas, desmiolados, sonâmbulos, tentando descodificar significados ocultos, prognosticando futuros, lendo sinais a que desejamos dar sentido único, pensando decifrar a “obra total”, enquanto colamos fragmentos. Somos personagens vagabundas do labirinto do tempo, largando migalhas na ilusão de um dia podermos voltar a casa. E é tal o desnorte e tão agigantado vai o atrapalhamento que apetece implorar por compaixão, como no poema de Vinícius em que se pede piedade até “dos homens públicos e em particular dos políticos / Pela sua fala fácil, olhar brilhante e segurança dos gestos de mão/ Mas tende mais piedade ainda dos seus criados, próximos e parentes / Fazei, Senhor, com que deles não saiam políticos também” .
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