À memória de Paul Éluard
Estudaste a
bondade aprendeste a alegria
Iluminaste a
noite com a estrela
E o desejo
com a necessidade
Comunicativo
bom inteligente
Soubeste
sofrer sem destruir a vida
Sem chamar
pela morte
Soubeste
vencer o íntimo lazer
As absurdas
manias que a solidão instala
No coração
virado na cabeça perdida
Soubeste
mostrar o mais secreto amor
Numa alegria
feroz perfeita pública
Capaz de
provocar o ódio e a ternura
Em todas as
frentes que por ti passavam
Contra-atacaste
repelindo o mal
Com pesadas
perdas para o inimigo
E na miséria
que subia aos rostos
Puseste a nu
a resistência a esperança
E um futuro
sorriso
Enquanto
velhas feridas se fechavam
Tua poesia
abriu-se e hoje é comum
E
transparente como os olhos das crianças
Hoje é o pão
o sangue e o direito à esperança
À esperança
que é «um boi a lavrar um campo»
E que é «um
facho a lavrar o olhar»
Andaste
triste mas não foste a tristeza
Sofreste
muito mas não foste a dor
Amaste
imenso e eras o amor
Cantaste a
beleza proferiste a verdade
Encontraste
não uma mas a razão de ser
Compreendeste
a palavra felicidade
E numa
extrema juventude e sob o peso
Precioso da
simplicidade
Tudo
disseste
Disseste o
que devias dizer.
Alexandre O’ Neill em No Reino da Dinamarca
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