Relembremos o
calendário do Mário Viegas quando disse que no dia 2 de Maio de 1974 acabou o
seu 25 de Abril.
Ou como,
passados alguns poucos anos, ironicamente, Mário Castrim escreveu:
«Cá por
mim já foi tempo. Estivemos todos em estado de graça durante a infância da
democracia. Era quando os polícias mandavam parar o trânsito para passar o
carrinho do bebé. Era quando os responsáveis da GNR vinham à televisão e
garantiam que se tinham tornado vegetarianos. Era quando as bandas fardadas
abrilhantavam as festas do povo em Belém. Dá quase vontade de dizer que era no
tempo em que os animais falavam.»
Ou ainda o sempre
jovem poeta José Gomes Ferreira:
«De repente, recordo-me de que, durante
a opressão salazarista, sempre festejei o 1º de Maio à minha maneira. Decretava
feriado a mim próprio, punha uma gravata vermelha e marchava em cortejo sozinho
por essas ruas empunhando uma encarniçada bandeira mental.»
Quando houver oportunidade, sem caracter diário, voltaremos aqui para recordar outras passagens dos dias que fizeram o tempo da nossa esperança.
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