terça-feira, 26 de abril de 2011

LIBERTAÇÃO DOS PRESOS POLÍTICOS


 No dia 25 de Abril, o Movimento dos Capitães saiu para as ruas já com os matutinos, em fecho de edição. Alguns ainda conseguiram colocar uma pequena notícia, a informação possível, na 1ª página e mais tarde fariam 2ª e 3ª edições. Os vespertinos têm mais desenvolvimento, mas só no dia seguinte, as notícias, as reportagens os comentários conseguem um outro tipo de desenvolvimento.

Todos os jornais de 26 de Abril de 1974, sem terem sido visados por qualquer comissão de censura, referem os acontecimentos ocorridos na véspera: a rendição, no Quartel do Carmo, de Marcelo Caetano, a apresentação, madrugada alta, da Junta Nacional de Salvação, através da RTP, a rendição da PIDE/DGS, a libertação, em Caxias, dos presos políticos, a partida de Marcelo Caetano e Américo Tomás para a Ilha da Madeira.
Raul Rego, no “República”, terminava assim o seu “Momento”, anos e anos a ser esquartejado pelos analfabetos coronéis da Censura:





“Desfizeram-se as grades. É como se tivéssemos acordado para um ambiente largo, onde nunca pudemos viver. Com o nosso esforço procuraremos contribuir para edificar um pais que seja de todos nós. De todos nós e onde todos nos sintamos livres”.

No “Diário de Lisboa”, Mário Castrim escreve o seu primeiro “Canal da Crítica” em liberdade com o título: “Televisão, alegria”
O começo da crítica de Castrim é um louvor à rádio:

“A Rádio. A Rádio. A rádio, preso a ela por um invisível cordão umbilical. A Rádio. As palavras sabidas de cor. As marchas. As músicas escolhidas de qualquer maneira. O telefone que não pára. Quero saber, querem saber, A pergunta sacramental: “Estás a ouvir o Rádio Clube Português.
Sim. Claro, a Rádio. Sento-me esfalfado, como se andasse a calcetar estradas durante um ano inteiro.”

Relembrando sonhos, sonhos velhos, quase apodrecidos, termina a crónica:

“A madrugada passou, é manhã madura do dia seguinte. Abeiro-me das seis horas: José Afonso canta, na rádio uma vez mais Grândola vila morena terra da fraternidade…
Terra da fraternidade…
Três palavras: uma promessa e uma responsabilidade na primeira claridade deste segundo dia da criação do mundo”

Na sua página de desporto,”A Capital”, dava conta que a equipa de futebol do Sporting, devido ao fecho das fronteiras, estava retida em Badajoz. Tinham ido a Magdeburgo jogar na quarta-feira para a Taça das Taças. Acabaram eliminados.





Na sua 3ª página “O Século” noticiava que, presidida pelo engº Amaral Neto, a presença de 38 deputados, reunira o plenário da Assembleia Nacional.
A sessão demorou quinze minutos e, não mais como Nacional, voltaria a reunir.

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