“O Óscar tem doze anos, anda na escola, é louro e tem olhos verdes. Vive sozinho com a mãe, numa casa modesta, junto à estrada. Atravessa a estrada, puxando por uma corda uma carreta de madeira, que consiste numa prancha em cima de quatro minúsculas rodas de plástico. Em cima, leva um balde de 20 litros de água, amarrado com um cordão. Como há uma profunda valeta na berma da estrada, tem o carrito atravessado, com as rodas de trás na berma da estrada e as da frente já no quintal. Está à espera, deduzo, e ofereço-lhe ajuda. Hesita na resposta, pois não deve estar habituado a que lhe ofereçam ajuda, muito menos um estrangeiro que com ar de extraterrestre. Encosto a Dempster na berma oposta da estrada e suspendo a traseira do carrito, enquanto ele puxa à frente pela corda. Está transposto obstáculo da vala na berma da estrada, quando chega a mãe, que fica a olhar com um sorriso de espanto, vaidade, carinho(?)… Não sei, mas guardei-o para mim como sendo um sorriso raro, naquele rosto duro e meigo.
O Óscar não deve conhecer a palavra (nem o conceito) "brincar"...
Texto e imagem de Idílio Freire
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